Nascer sem perceber e sem pedir
Alguém já escreveu: Quanto mais inconsciente mais feliz é o homem. A inconsciência que existia antes dele nascer o acompanha pela vida até ele morrer. Quando ele ainda não era e ainda não estava, num lugar qualquer do mundo, um homem e uma mulher na volúpia para obter gozo sexual, mais por descuido, provocaram uma gestação inesperada. Depois, sem antes ter existido para poder saber, sem antes ter existido para poder querer ou não querer, surgindo de dentro da fêmea humana, apareceu ao mundo uma nova criatura. Uma criança totalmente inconsciente, desprovida de razão e sem nenhum registro em sua mente virgem. Mais uma vítima para os adultos poluírem como quiserem com seus conceitos ridículos sobre a vida e sobre as inexistentes existências além da matéria.
Nascido então o homem, quando criança ele terá de submeter-se ao se igualar aos modos e aos comportamentos dos outros. Isso porque ele ainda não tem iniciativas próprias. Em todas as fases de sua existência ele é obrigado a se adaptar conforme as transformações vão surgindo. Sejam elas sobre a moral, sobre as leis, sobre a tecnologia incidindo em seu viver e etc. Ele nunca pode fazer tudo o que quer. Seus desejos nem sempre são realizados e isso pode causar frustração. Se ele se desviar para uma conduta condenada pela sociedade, isso o torna um infrator contra os costumes aceitos por ela. Em sua vida passa por tudo por que passam os outros, inconsciente que os imita em seus modos de viver, isto é, se submete a não se diferenciar deles para não ser considerado esquisito. Isso já é não ser livre para ser como quiser.
Distraído, inconsciente da passagem do tempo, ele se vê numa idade avançada como se não a esperasse tão breve. Tempo de receber e de lastimar as notícias de amigos e conhecidos que morrem e também do pensar da própria morte já se aproximando. A vida pode lhe ter sido boa, mas, agora só na saudade, pois, a velhice se apresenta como sendo a decepção dela. A já percebida perda da vitalidade pelo lento andar, o rosto tornado quase irreconhecível por causa das rugas, a feiúra indisfarçável assassina da vaidade de ser bonito, isso tudo está a comprovar como a vida é bela (risos). Já me disseram que as pessoas ficam velhas e feias para não se importarem tanto quando são recolhidas do mundo. Não sei se isso é verdade. Mas, depois de me olhar no espelho também eu deixei de me importar com a morte.
Voltando ao homem, o coitado que não pediu pra nascer, “nasceram ele” e ele na vida “ficou ao Deus dará” de sua própria sorte (risos). Se inconformado com a velhice por ela o aproximar da saída do mundo, para o bem dele, existiram homens bem brincalhões. Ensinaram que o homem morre e “desmorre”. Morre e “desmorre”. Isto é a teoria da reencarnação (teoria) tendo o objetivo de levar o homem até a perfeição. Para isso ele reencarna aqui na terra muitas vezes até quando se torna perfeito para não mais precisar reencarnar. Tanto tenho procurado por homens perfeitos e só agora descobri a existência de muitos deles lá na Cidade de Brasília. Já aperfeiçoados, quando morrerem não mais precisarão reencarnar. GRAÇAS A DEUS! (risos)
Entretanto, o homem, no mais das vezes inconsciente das realidades e irrealidades da vida, antes de nascer ele não existia, então nada sabia se ia nascer. Também, se não existia nem pedir pra nascer podia. No fim da vida também não sabe quando vai morrer, também não pede pra morrer, mas, vai morrer. Antes de morrer o homem existe, é consciente, mas, inconsciente também se depois de sua morte, como muitos acreditam, ele terá continuidade ou outra vida. Talvez seja verdade porque li em algum lugar: Homem, o eterno desconhecido de si mesmo. Eterno? Então pode mesmo ser verdade que a morte seja apenas uma porta para a eternidade. Isso deixa qualquer um feliz. Obaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa.
Altino Olympio