Tempos de indiferença
Nesta época tão conturbada por fatos contrários à nossa educação, nossa ética ou moral, nós vivemos bombardeados por insignificâncias difundidas pelos meios de informações. A vida agora é o assistir a tudo o que ocorre no país e no mundo. A sequência é ininterrupta. Na sequência vários fatos logo são substituídos por outros e estes por outros e assim sucessivamente. Isso nos têm tornado insensíveis mesmo para os fatos mais alarmantes, aqueles das crueldades com que muitos diariamente são assassinados. Transformaram-nos em expectadores das demoníacas atuações humanas. Começando pela podridão política (parecendo irreversível), latrocínios, estrupos, sequestros, greves, passeatas de protesto, invasões, balas perdidas e etc. tudo misturado com propaganda. No nosso “andar por ai” só encontramos vítimas desse massacre mental. Com tanta coisa invadindo nossa consciência nós ficamos sem ter consciência de nós mesmos. São incontáveis as promulgações que nada têm a ver com nossas vidas e, no entanto, elas servem para abarrotar nossas mentes com insignificâncias. Por “falar” em insignificâncias, elas sempre estão presentes no cotidiano das conversas entre pessoas que se julgam bem atualizadas. Até acrescentam emoção descabida ao falarem sobre trivialidades ou sobre o que é tão óbvio. Voltando ao tema em questão, indiferença, nesta época ela reina como fuga das realidades do cotidiano. Milhões de pessoas ficam entretidas sem se entediarem nos joguinhos de seus brinquedinhos eletrônicos ou nas conversas fúteis por intermédio deles como se fossem mais importantes que as questões que prejudicam o povo deste país. Primeiro, para a distração do povo, mas, nem tanta, surgiu o rádio. Em seguida a televisão. Essa, audiovisual e poderosa como é, serviu para distrair e manter muita gente em casa. Por causa dela foi ficando mais restrito o amistoso relacionamento humano. Depois, o surgimento da internet. Deixando de lado a consideração que ela é importante para o mundo moderno, ela também é importante para os que não têm o que fazer e se tem até se esquecem. Os “navegantes” da internet também são invasores de consciências quando, como sempre, enviam suas mensagens “interessantes” para quem não se interessa por elas. Por último temos o telefone celular e outros aparelhos mais sofisticados a servirem de distração das massas. Nós, de entremeio com as divulgações da Mídia e do relacionamento virtual entre amigos, quase ficamos sem tempo de sermos nós mesmos com pensamentos próprios. O acúmulo de tantas informações que se sucedem está a nos transformar em indiferentes. Até deixamos de nos abalar, de verdade, pelo morticínio diário quando, pela indiferença, ele nos é apenas mais uma notícia. Parece que transformaram o mundo numa confusão que ninguém mais consegue se entender. Sobre isso, a indiferença até é desejável, pelo menos, para se poupar da desilusão do fracasso humano em não saber viver em sociedade. Entretanto, a indiferença é aquela omissão confortável a manter as anormalidades existenciais destes dias ausentes de confrontos contra elas.
Altino Olimpio