04/02/2010Nós, os clones“Todos nós nascemos originais e morremos cópias” (Carl Gustav Jung)
Já disseram que ao nascer uma criança é como uma esponja limpa e os adultos disputam entre si quem mais vai sujá-la. Isso já se inicia no lar, na escola, no trabalho, pelos meios de comunicação escritos, auditivos e visuais e nos contatos com outros. Isto tudo implica em imitações. É ser sem saber igual como outros costumam ser. Somos uma individualidade acrescida pelas experiências de outras no que aceitamos, aprendemos e conceituamos através delas. Assim é e teve que ser no manter e no transpasse de conhecimentos para a continuidade deles de geração em geração. Nossa individualidade (nosso eu) consiste num acúmulo de conceitos já existentes e adquiridos ao longo de nossas vidas. Inconsciente, o subliminar introduzir-se deles em nossos pensamentos se traduz no como somos nós. Somos resultados de condicionamentos. Sem eles seríamos como uma criança ao nascer, com todas as áreas do cérebro vazias de conceitos, por isso, ainda sem consciência. O cérebro ao ir captando o som de vozes ao redor inicia assim seu preenchimento com conceitos (aprendizado), e que, memorizados são e dão o início da formação da consciência. Esta, em seu princípio “copia” de outros suas experiências. Isso nota-se no falar e nas imitações produzidas pelas crianças ao até nos provocarem graça. Quando adultas sendo “crianças grandes” como são em sua maioria, ainda tendo a tendência infantil de tudo imitarem, elas tornam-se joguetes de interesses alheios. Voltando à frase acima do Jung, nada temos de original. O “eu sou eu” melhor seria “eu sou o que outros são em mim”. Nisso todos os seres humanos são comuns. Incomuns foram somente os autênticos filósofos ao promulgarem seus próprios e outros conceitos de como melhor a existência poderia ser. Tudo em vão, seus escritos serviram de passa tempo para os “intelectuais”, mas, não para serem seguidos. Outros, por mais serem cópias são incapazes de assimilar conceitos outros que estejam além dos comuns, triviais e óbvios de seus cotidianos. Sendo maioria, os “cópias de cópias” estão por todos os lugares se espalhando. Triste é aturá-los, conquanto, sabe-se da regra humana de “aceitar ou outros como eles são”, regra esta sendo agora um sacrifício nestes dias de surdez e cegueira intelecto cultural.
Altino Olímpio