Está chegando o meu fim
Já não estou naquela fase jovem da vida de quando parecia que só os outros morriam. Agora, nestes tempos que ainda me restam para viver, os meus pensamentos mais me fazem pensar na morte como se ela já me desejasse para pôr fim na minha existência. Às vezes parece que cansa viver neste mundo e isso provoca indiferença sobre o meu destino final. Quanto mais eu penso que estou chegando ao fim, mais o passado reaparece em meus pensamentos numa recapitulação de como foi ele desde os meus primeiros anos de vida. Ser criança inconsequente era a alegria de viver.
Sim, havia um mundo a ser explorado. Havia a curiosidade sobre ele e sobre a vida. Quando me chegou a fase da juventude a alegria de viver esteve continuando com todas as ilusões de jovem. As ilusões e as vaidades parecem que andam juntas na mocidade. Agora dando um salto da juventude até a velhice de quando agora querem que se substitua a palavra velho pela palavra idoso, talvez porque o velho é feio e o idoso ainda seja bonito (risos), nessa última fase da vida que também é chamada terceira idade, deveria ser comum que as ilusões e as vaidades perdessem o domínio sobre as pessoas para que elas se tornassem mais naturais.
Entretanto, a idade avançada como é a minha me trouxe muitas satisfações, como por exemplo, a dedicação por reflexões. Dando asas aos pensamentos, eles é que são a maior percepção de que se está vivo. Eles é que são o fluxo proveniente da consciência que nos fora produzida com as experiências da vida que tivemos desde que nascemos. Meu viver está limpo das tantas mentiras que espalharam pelo mundo. Por isso estou na fase do desaprender e não na fase do ainda querer aprender. Eu que estou bem comigo mesmo já prefiro viver ausente das pessoas, principalmente daquelas que pensam que têm algo para me acrescentar. Benvinda é a solidão. É só nela que nós somos nós mesmos.
Altino Olímpio