Então você acorda, se levanta e abre a janela do quarto. O dia que esteve te esperando te diz: --Hei venha pra fora, eu sendo o dia sou o sol que te aquece, sou o ar que você respira. Também sou o tempo, isto é, sou os momentos que você pode desfrutar enquanto ainda está com vida. Aqui fora é mais fácil você se livrar das preocupações. Venha, caminhe pelas ruas e observe as pessoas caminhando, algumas carrancudas, outras sorridentes, ambas sentindo-se importantes sem saber o porquê e se são mesmo (risos). Caminhe pelas calçadas do comércio e se distraia admirando as vitrines e veja quantas coisas existem e que você não precisa.
Ouça a qualidade de músicas que são irradiadas por algumas lojas e caia na gargalhada por elas serem tão vulgares e de mau gosto. Venha, olhe para cima. Quanto tempo faz que você não olha para as nuvens e para o céu azul? Ah, venha, vá? Venha pra fora e curta a vida que é tão curta.
--Ah não! Tenho muito medo. Tenho medo de assalto, pois, têm muitos mascarados pelas ruas. Que eu saiba as máscaras são boas para se poder sair de casa sem a dentadura (risos). Dá muito trabalho sair de casa. Quando se volta se tem que tirar os sapatos na rua, entrar e trocar de roupa e como se tem que lavar as mãos, mama mia. Isso já foi ensinado a dois mil anos atrás e publicamente pelo então Pôncio Pilatos. Talvez ninguém tenha aprendido, pois, ensinaram tudo novamente. Os vírus da pandemia, eu pensei que vieram da Cochinchina e não da China. Eu só fico em casa e só posso cantar: Daqui não saio daqui ninguém me tira. Onde é que eu vou morar? O senhor tenha paciência de esperar, ainda mais com quatro vírus onde é que eu vou parar... ... (música de carnaval de 1949).
Altino Olimpio