Como a maioria, foi batizado na religião católica. A infância e a juventude transcorreram normalmente até a maturidade, quando constituiu família.
De espírito inquieto, para alterar a rotina e monotonia do viver comum, enredou por outras sendas em busca de novos conhecimentos para satisfação interior.
Praticou a “Gira” mas como a mediunidade não lhe adveio, contentou-se apenas em ser cambone nos terreiros de Umbanda. Freqüentou várias facções da religião protestante.
Nas ricas religiões japonesas, através do jure, ministrou tratamentos curativos, irradiados pelas palmas de suas mãos, enquanto ao mesmo tempo muito bocejava.
A doutrina Yoga lhe forçou diariamente a posturas desconfortantes e anos de meditações, com intuito de controlar os pensamentos.
Obedeceu aos rigores de se suprir de produtos naturais adaptando-se à alimentação vegetariana e macrobiótica.
Ingressou numa fraternidade mística, onde enriqueceu o intelecto com novos conceitos adquiridos ao galgar todos os seus graus de estudo.
Dedicou-se a leitura esotérica e filosófica, assistiu inúmeras palestras e participou de vários cursos de parapsicologia e desenvolvimento mental.
Convidado, foi iniciado na mais famosa sociedade filantrópica, onde também, pela sede de saber, pacientemente cumpriu todos seus graus, mas as verdades e conhecimentos adquiridos, estavam aquém daqueles que almejava para sua satisfação interior.
Com tanta vivencia, sua presença nas conversas era apreciada, embora monopolizasse o ambiente com seus conhecimentos, e sobre eles - como que para si mesmo - às vezes balbuciava: “É tudo farinha do mesmo saco”.
Por ter desprendido anos na sua busca e ter-se descuidado da vida material e obrigações familiares, sua esposa e filhos o abandonaram.
Racional nas reflexões, duvidando da validade dos seus sacrifícios de até então, detinha ainda sua ultima cartada.
Lera numa revista especializada em ocultismo e assuntos correlatados, a reportagem com a fotografia de um guru que alcançara o conhecimento e era também conselheiro de lideres políticos.
Vendeu o pouco que possuía, abandonou tudo e partiu.
Defrontou-se com muitas dificuldades, até que, afinal localizou, longe da civilização, em lugar de difícil acesso, o guru com sua longa barba e olhar distante, aparentando a mesma serenidade de sua foto na revista.
Com lagrimas nos olhos, humildemente prostou-se aos pés daquele mestre, beijou-os e afobadamente falou:
- Amado mestre! Depois de tanto sofrer, vim de muito longe para aprender contigo. Ensina-me como obter a verdadeira sabedoria.
- Querido discípulo! O aprendizado é simples!
Sua alimentação doravante deverá ser frugal e desprovida de carne. Abstinência sexual, oração, meditação, concentração, controle do pensamento e paciência para assimilar os conhecimentos que cada grau de consciência lhe dará depois de transpô-los.
Descontrolado pela decepção, o buscador da sabedoria, de pé e ameaçador, exteriorizou seu descontentamento:
- NÃO! NÃO! NÃO PODE SER! Seu fi... ... tudo isso já sei!
Surpreso e indeciso, com o olhar arregalado e já desestruturado, timidamente o guru perguntou-lhe:
- Ué?... Maisss... ... ... num é isso aí não?
Sobre a Crônica "Quem procura encontra"
Gostei demais da crônica!
Existem pessoas que vivem uma vida inteira buscando respostas,explicações e comprovações pra tudo e no fim acabam se esquecendo de praticar o maior exercicio da vida: Viver e se aprimorar como ser humano.
Acho que o o homem deve ler, se instruir e tentar entender o meio que o cerca até como uma forma de se autoproteger.
Deve buscar seu aprimoramento intelectual e emocional como forma de melhor conviver com os demais
Mas quando se trata de fé, religião e crença, abstrações como você mesmo já disse em outras crônicas,é mais subjetivo e dificil discutir.
Sendo subjetivo dispensa raciocínios e explicações lógicas.
Como eu já comentei : acredita-se ou não.
Para aqueles que acreditam ou precisam acreditar não há necessidade declarada de mais buscas ou mais explicações.
O simples fato de crer basta.
Se houver tranquilidade e acomodação emocional não há razões para maiores pesquisas.
Buscar demais, questionar demais, sempre provoca inquietações.
Se podemos ser mais felizes simplesmente crendo, é melhor seguir em frente nos alicerçando nisso.
A vida é complicada demais e não vale a pena complicarmos ainda mais com aquilo que será eternamente um mistério.
E quem muito procura acaba achando: mais dúvidas!!!!
Fatima Chiati