O pensamento, ele pode estar ao nosso favor ou contra nós. Diariamente é contra porque ele é uma profusão de lembranças que nos invadem a qualquer hora sem mesmo querermos. Quando queremos pensar num fato, apenas num fato específico, outros fatos diferentes, alheios ao fato que queremos pensar nos surgem como intrusos para nos distrair e nos atrapalhar. Dando guarida a eles, seguindo-os, às vezes até nos esquecemos do fato que de início quisemos refletir sobre ele. Distrair-se assim é falta de concentração. É o desperdício de a consciência perder-se em devaneios.
Acontece vivermos numa época considerando a época anterior melhor. Principalmente se ela esteve mais romântica e mais repleta de fatos que são agradáveis para relembrar. Muitas pessoas se queixam de que nestes dias as atrações agradáveis se tornaram ausentes e que as atrações existentes não são convincentes. Os presentes para elas mais são intercalados com as lembranças do passado. Se lembrarem do que e de como foram não condiz com suas situações atuais. Um sentimento de vazio parece existir nesses seus dias sem emoções. Revivendo seus passados todos se sentem como se estivessem assistindo o filme de suas vidas como se fossem os protagonistas principais. Isso lhes confere um grau de importância na vida.
Mas, a importância que alguém sente sobre si é igual às importâncias que os outros sentem também (risos). Contudo, quase todos vivem dominados pelos seus pensamentos. Aqueles que lhes aparecem na mente “sem querer” e a qualquer momento. Segui-los é “cair” em divagações. É o mesmo que se ausentar do presente. É distrair-se da atualidade enquanto a mente divaga por onde a memória a leva, comumente para fatos já ocorridos e alheios aos momentos do presente. Dissipar os pensamentos para situar a consciência no estado presente não é fácil. Entretanto, refutá-los imediatamente um a um quando eles surgem e com isso “levado à prática diária”, com o tempo eles podem ser reduzidos a poucos ou mesmo a nenhum. Isso, pelo menos, pelos instantes quando se quer desobstruir a mente de pensamentos improducentes que só servem para preenchê-la sem ter propósitos fora dela.
Com a prática citada acima de excluir pensamentos, isso corrobora com a tranquilidade de viver. Quem já experimentou esse estado de ausência de pensamentos bem sabe da paz que tal ausência produz. Se não há pensamento não há tristeza e nem alegria, não há saudade, não há necessidade de precisar de algo para se entreter, se não há pensamento fica-se mais presente no presente. São nos presentes que temos contato com a nossa realidade, embora, eles sejam furtivos. Distrair-se nos pensamentos que são de lembranças é querer conviver com o que não mais existe.
Altino Olympio