Ouspensky, o autor do livro “Tertium Organum”
e outros, disse uma vez: “A ilusão de unidade ou uniformidade é
criada, no homem, primeiro pela sensação do seu corpo físico,
depois por seu nome que sempre é o mesmo e terceiro por uma multidão
de hábitos mecânicos que nele são implantados pela educação
ou adquiridos pela imitação. Tendo sempre as mesmas sensações
físicas, ouvindo sempre o mesmo nome e notando em si, os mesmos hábitos
e inclinações que tinha antes, ele acredita ser sempre o mesmo”.
Nós assistimos a vários filmes sobre pessoas que tinham duplas
personalidades. “Psicose” de A Hitchcock foi um deles. O ator principal
era uma pessoa quando atendia os clientes de seu motel de estrada e se transformava
em outra quando os matava. Neste caso de dupla personalidade, o rapaz, inclusive
com vestimenta feminina, se transformava na mãe quando como sendo ela,
cometia os assassinatos Outros filmes mostraram também, pessoas possuindo
múltiplas personalidades se sobrepondo nas próprias. Esses desvios
de conduta fazem parte dos estudos da psicologia e terminam nos estudos da psiquiatria.
Mas nós somos felizes porque não temos esses problemas. Será
mesmo que não temos?
Quantas vezes, já aconteceu de estarmos com alguém
e com o entusiasmo da circunstância termos prometido repeti-la em outra
ocasião? Porém, no dia prometido, como se fôssemos outra
pessoa, não estamos com a mesma vontade de repetir a tão agradável
circunstância. É como se uma nossa personalidade tivesse feito
uma promessa, mas, uma outra atuando no momento de cumpri-la, tenta recusar.
Isso cria um conflito interno naqueles que ainda possuem caráter. “Não
quero ir, mas, e agora, eu prometi, tenho que ir”. E assim contra vontade,
às vezes se vai onde não mais se quer ir porque no momento da
promessa um estado de espírito assumiu um compromisso, mas, no dia dele,
fica para outro estado de espírito assumir mesmo não sendo o que
requer o tal estado de espírito diferente do outro que prometeu.
Alguns de caráter fraco nem comparecem e nem se desculpam de suas ausências
de onde deveriam estar para pelo menos manterem suas palavras como dignas de
crédito.
Existem também, aqueles que na nossa frente são
uma “coisa” mas, quando a esposa está por perto, são
outras coisas bem diferentes. Essa troca de personalidade faz pensar que eles
são falsos. Não é sempre que nos querem como sempre nós
somos. E nós temos que entendê-los pelas suas situações
diferentes e também sermos diferentes quando eles querem, para mantermos
a amizade numa hipocrisia escondendo o que somos.
Quem sempre está a exibir personalidades diferentes, uma para cada ocasião,
principalmente quando pelas suas conveniências, deixa de ser autêntico.
Múltiplas personalidades são para serem exibidas em palcos quando
são profissões para atores. Mais feliz é aquele que sempre
consegue manter sua personalidade. Entretanto, isso nem sempre é conveniente,
porque, autenticidade está fora de moda.