Antigamente os namoros pareciam ser mais românticos. O amor entre os jovens enamorados parecia mesmo ser tão profundo e para sempre. Talvez, porque, as intimidades entre eles tinham limites. Sexo antes do casamento era raro. Por isso, naquele desejo reprimido depois da sequência de carícias, o casal de namorados ficava cada vez mais apaixonado e aquele tanto um querer o outro culminava no casamento que era duradouro. Pensava-se que aquela profundidade de sentimentos teria a mesma eloquência para sempre. Inabalável no início, o amor naquela volúpia constante entre o casal teria que retroceder diante da chegada dos filhos. O constituir família significa divisão de importância. Essa importância mútua entre o casal vem a enfraquecer com a divisão dela causada pelas responsabilidades familiares. O amor aos filhos e a adorada convivência com eles sempre diminui para o casal os seus momentos de afetividade conjugal. Essa consequência é impensada durante o fervor do namoro quando o casal vivia só para si. Mas, no casamento, com o passar do tempo a convivência e a rotina familiar tendem a amenizar a paixão antes tão envolvente, tão eloquente. O romantismo fica parecendo ter ficado no passado como sendo de uma fase da vida da juventude. Ele, o romantismo, cada vez mais vai sendo ausência na presença do casal e o casal num sem perceber se habitua à falta dele. Aquele idílio de outrora do tempo de noivado fica só na lembrança. Para as moças, então, aquelas que sonhavam com um príncipe encantado iriam perceber que esse sonho de um amor permanente com o mesmo ardor, paixão e afagos constantes do início não iria ser sequente. Isso tudo sempre é substituído pelas necessidades mais prementes da vida. Entretanto, o amor imodificável existe... Nos filmes românticos.
Altino Olympio