Apartamentos do se apartar
À noite e a grande cidade com suas luzes acesas
Muitos se sentem a sós na imensidão dela
Em cada apartamento o viver é restrito
Da janela se vê ao redor o cerco de outros prédios
Com suas luzes também acesas revelando ambientes
De quem lá vive no desconhecimento recíproco
Abaixo também se vê luzes de lanternas de carros
Faróis acesos e sons de buzinas ecoando pelas ruas
Semáforos se alternando em suas cores
Verde e o amarelo e o vermelho condutoras
Tais imagens se tornam esquecidas e desprezadas
Quando a rotina delas se torna comum
E não mais exercem atração para a distração
Em apartamento não existe a visão da “casa ao lado”
Nem vizinhos para conversar no muro ou na cerca
Além dos do lado existem os de cima e os de baixo
Dependem da coincidência para se verem no elevador
Nem sempre são de sorrisos e de cumprimentos
O “cada um na sua” reflete como são suas intimidades
Apartamentos se grandes ou médios ou pequenos
Podem conter a monotonia de seus habitantes
Cada um no seu existir individual de ser
Um em cada cômodo de sua particularidade
Aprisionados em seus entretenimentos eletrônicos
Já sem disposição para o relacionamento familiar
Tornado tão comum e sem novidades para agradar
Dando condição para a melancolia se instalar
Com o sentimento de se estar longe do mundo
E de se sentir só e ser anônimo entre a população
O apagar das luzes da cidade pelo amanhecer
É o reclamar para o sol logo aparecer
Chegando ele vai dissipando solidão noturna
Ela que é mais presente aos fins de semana
Quando o ter onde ir é ficar preso no apartamento
O sol e os afazeres diurnos são atenuantes
De aborrecimentos melancólicos noturnos
Até novamente a chegada da noite
Da grande cidade com suas luzes acesas
Se iluminando indiferente de quem se sinta só
Mesmo com outros num mesmo apartamento
Altino Olympio