Hoje, nossas cabeças estão tumultuadas com
tantas inutilidades que não levam a nada. O próprio não
se suportar de muitos destes dias foi causado pelo hábito de distrair-se
com as exterioridades de nossa existência, principalmente com aquelas
que não nos dizem respeito. A mídia conectou tudo com todos e
todos com tudo. Por isso, quando estamos a sós, não mais somos
nossos próprios atrativos. Nos tornamos monótonos, sem graça,
sem importância, sem novidades, sem surpresas, e etc. Nessa vacuidade
tornamo-nos carentes por amizades, mais para um auto-esquecer do nosso vazio
e apreciar o vazio dos outros que, nos deixam ainda mais vazios e lembrando
daquele dizer do Rei Salomão: “A boca fala tudo de que o coração
está cheio”. É, cheio de tantas futilidades e quanto mais
tê-las, melhor para a aceitação entre os relacionamentos
de amizades. Outra fuga de nós mesmos é o se entreter com as imbecilidades
da televisão e as mesmas do rádio, não diferentes das revistas
e dos jornais. Mesmo não sendo os de ficção, os filmes
desta época, na televisão ou no cinema, eles são repletos
de tantos absurdos impossíveis de acontecerem na vida real e isso nos
faz pensar se seus autores pensam ou sabem mesmo que somos idiotas para assisti-los.
Tudo é para o condicionamento das massas, tudo é para afetar as
psiques humanas, contraí-las num estado restrito mínimo e generalizado
de evolução para poder exercer domínio na comunicação,
mantendo-a como poder psicológico modelador das massas humanas.
“O campo amplo e vasto do inconsciente, não alcançado
pela crítica e pelo controle da consciência, acha-se aberto e desprotegido
para receber todas as influências e infecções psíquicas
possíveis”. (C. G. Jung 1875 – 1961). Isto de Jung tem a
ver com o massacre psicológico que o homem mediano sofre diariamente.
No nosso entender, as infecções psíquicas são a
maioria das divulgações que, nada têm de útil, e,
pior, não fazem parte e nada acrescentam para nossas vidas. Esse bombardeamento
diário de trivialidades e de “informações”
a que o homem está exposto, só serve para distraí-lo, esquecer-se
de si e ser uma curiosidade ambulante, viciado por notícias e novidades
diárias, vivendo nelas e por elas, como se elas fossem ele e ele sendo
elas. O homem tornou-se um emaranhado do que ele não é. Deposto
de sua individualidade, de sua integridade, hoje é comum ele reclamar
da falta de significado da vida. Muitas pessoas sentem-se desiludidas porque,
seus anteriores “contos de fada”, isto é, suas ilusões
e seus anseios de felicidade foram derrotados pela realidade da existência,
a única de onde ninguém escapa. Talvez por isso, o autor consagrado
Ivan Karamazov, devolveu para Deus o seu bilhete de ingresso na vida. Ele sofreu
porque o universo real é cruel para o universo imaginário ou universo
desejado. Parece que ele não conseguiu encontrar um significado ou um
objetivo para a vida. Entretanto, para a maioria que vive sem qualquer objetivo,
isso, já é um significado de vida para ela. Sua rotina do nada
ser é apenas para ser o esperar por qualquer acontecer, pois, por si
mesma, a maioria nada faz acontecer e só se faz entreter com o que uma
minoria faz acontecer.