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31/07/2006
A Psique Humana – Parte 16

Hoje, nossas cabeças estão tumultuadas com tantas inutilidades que não levam a nada. O próprio não se suportar de muitos destes dias foi causado pelo hábito de distrair-se com as exterioridades de nossa existência, principalmente com aquelas que não nos dizem respeito. A mídia conectou tudo com todos e todos com tudo. Por isso, quando estamos a sós, não mais somos nossos próprios atrativos. Nos tornamos monótonos, sem graça, sem importância, sem novidades, sem surpresas, e etc. Nessa vacuidade tornamo-nos carentes por amizades, mais para um auto-esquecer do nosso vazio e apreciar o vazio dos outros que, nos deixam ainda mais vazios e lembrando daquele dizer do Rei Salomão: “A boca fala tudo de que o coração está cheio”. É, cheio de tantas futilidades e quanto mais tê-las, melhor para a aceitação entre os relacionamentos de amizades. Outra fuga de nós mesmos é o se entreter com as imbecilidades da televisão e as mesmas do rádio, não diferentes das revistas e dos jornais. Mesmo não sendo os de ficção, os filmes desta época, na televisão ou no cinema, eles são repletos de tantos absurdos impossíveis de acontecerem na vida real e isso nos faz pensar se seus autores pensam ou sabem mesmo que somos idiotas para assisti-los. Tudo é para o condicionamento das massas, tudo é para afetar as psiques humanas, contraí-las num estado restrito mínimo e generalizado de evolução para poder exercer domínio na comunicação, mantendo-a como poder psicológico modelador das massas humanas.

“O campo amplo e vasto do inconsciente, não alcançado pela crítica e pelo controle da consciência, acha-se aberto e desprotegido para receber todas as influências e infecções psíquicas possíveis”. (C. G. Jung 1875 – 1961). Isto de Jung tem a ver com o massacre psicológico que o homem mediano sofre diariamente. No nosso entender, as infecções psíquicas são a maioria das divulgações que, nada têm de útil, e, pior, não fazem parte e nada acrescentam para nossas vidas. Esse bombardeamento diário de trivialidades e de “informações” a que o homem está exposto, só serve para distraí-lo, esquecer-se de si e ser uma curiosidade ambulante, viciado por notícias e novidades diárias, vivendo nelas e por elas, como se elas fossem ele e ele sendo elas. O homem tornou-se um emaranhado do que ele não é. Deposto de sua individualidade, de sua integridade, hoje é comum ele reclamar da falta de significado da vida. Muitas pessoas sentem-se desiludidas porque, seus anteriores “contos de fada”, isto é, suas ilusões e seus anseios de felicidade foram derrotados pela realidade da existência, a única de onde ninguém escapa. Talvez por isso, o autor consagrado Ivan Karamazov, devolveu para Deus o seu bilhete de ingresso na vida. Ele sofreu porque o universo real é cruel para o universo imaginário ou universo desejado. Parece que ele não conseguiu encontrar um significado ou um objetivo para a vida. Entretanto, para a maioria que vive sem qualquer objetivo, isso, já é um significado de vida para ela. Sua rotina do nada ser é apenas para ser o esperar por qualquer acontecer, pois, por si mesma, a maioria nada faz acontecer e só se faz entreter com o que uma minoria faz acontecer.


Altino Olímpio