Mas que horror vivermos sabendo que vamos morrer! Ninguém quer e isso não faz parte de nossa volição. Nós somos marionetes do destino. Quem foi o inventor dessa odisséia de que todos nós, nascendo e vivendo pensamos que somos e quando menos esperamos deixamos de ser quando somos levados pela morte? Já ouvi dizer que quando alguém morre é porque chegou sua hora e nem adianta atrasar o relógio (risos). Até parece que a vida é uma armadilha repleta de “eu sou, isso é meu, eu vou comprar, vou viajar, adoro feijoada, baile, futebol, novela, sou formado em... O sexo é tão gostoso, sou feliz no casamento, o amor é tudo na vida, meus filhos são tudo para mim, o fulano é o melhor e vou votar nele, nas férias vou para um belo resort e etc., etc. e etc.
A vida é mesmo um transcorrer extravagante. Ela é repleta de querer ter, de querer ser e menos de querer saber. Sempre sabemos do que nos ocorre (depois que nos ocorre), mas nunca sabemos o porquê de alguns acontecimentos que nos ocorrem e para que. Ninguém para pra pensar sobre isso. A vida é uma série de acontecimentos sucessivos, expressivos e inexpressivos que corroboram com as nossas experiências de viver e com o nosso modo de ser. Cada um de nós deseja a autorrealização que corresponda com os nossos anseios. Pode ser da mais simples ou ostentosa. Mas, no decorrer da vida de quando nossos anseios se substituem por outros, comum também é que eles sejam esquecidos diante das atribulações que ocorrem nesse nosso viver agitado de agora interferindo com o tempo tornando-o mais rápido para a chegada da nossa velhice.
Ninguém quer ser infeliz. Todos desejam a felicidade que mais é “um conceito” inscrito em qualquer dicionário. Dá muito trabalho para se viver quando não se quer apenas viver por viver e quase nenhum para se morrer (risos). Quantos e quantos depois de muito trabalho na vida e tendo a chance de usufruir da prosperidade e do conforto que conseguiram e a morte lhes vem, até precocemente, tirando-lhes a oportunidade de conviver com um envelhecer tranquilo merecido? Tem quem diz que suas missões na vida terminaram (conversa mole). O nosso dormir de cada dia são sonos, que, ao acordarmos deles, parecem que eles nos foram mortes temporárias (risos). No dia em que não mais acordaremos não mais teremos o sonhar que é a vida. Se realmente soubéssemos o que e para que seja a vida, muitas hipóteses deixariam de existir. Talvez ela não nos fosse tão interessante como ela é sem os seus mistérios, sem as suas ilusões e sem as suposições que permeiam o raciocínio de quem aprecia meditar sobre ela.
Altino Olympio