As nuvens do céu azul tão distante
A imensidão que é tão infinita
Neste mundo cheio de desditas
Só se vivem de instantes
São momentos como já foram antes
Agora antes e depois quem sou eu?
Sou alguém que não é ninguém
Quanto a isso não resisto
Sendo nada diante do infinito
Mas eu penso vejo escuto e falo
São apenas posturas de uma criatura
Sendo criatura quer dizer que fui criado
Se antes eu não era não pude evitar
Mas aqui estou sendo como sou
Uma existência com consciência
Na inconsciência do mistério da vida
Até a hora da chegada da morte
Ah a morte que tanto apavora
Que aparece a qualquer hora
É para lembrar o interrompimento
Que todos têm em seus tempos
De ser como um grão de areia disperso
Imperceptível no imenso do universo
Assim como cada um é nenhum
Somos sós conglomerado de átomos
Até quando eles se desatam
Evadindo-se da prisão da sepultura
Ó vida até que a vida se desfaz
Pra que pensar que se é um ser
Aqui onde tudo estará a se desfazer
Para todos existe um prazo
Pois vieram mesmo por um acaso
Eu também sou a coincidência
De todos que vieram para a existência
Entretanto por todos os caminhos
Sempre me vejo caminhando sozinho
Não tenho mais a quem recorrer
Para ensinar o que eu gostaria de saber
Mas porque eu sou saudade e emoção
Se ao final tudo é ilusão
Sempre penso que a vida é um engano
Porque já tive muitos desenganos
Às vezes tenho necessidade de desabafar
Mas onde está quem poderia me escutar
Mas o que penso é melhor ficar escondido
É melhor do que não ser compreendido
Às vezes penso que tudo o que sou
Não sou eu e que sou só uma cópia
Da vida que aprendi desde que nasci
Ah se eu tivesse sido original
Se só comigo mesmo tivesse aprendido
Teria vivido melhor sem ter sido iludido
Que vontade de sair gritando pelas ruas
Para se fazer conhecer minhas loucuras
Ainda tenho saudade do rio e da mata
E de quando pelas ruas eu chutava lata
Naquele tempo em que nada eu sabia
Agora o que sei não sei se terá serventia
Se a vida for só para se viver
Então é inútil tudo sobre ela querer saber
Para isso existem filósofos e a filosofia
Mas de suas deduções tem quem desconfia
A vida como é ainda não foi desvendada
Ela é a curiosidade que não é revelada
É misteriosa até quando se apaga
Nos instantes do nosso desaparecer
Quando logo depois vão nos esquecer
A vida é como um filme que se desenrola conforme o enredo que cada um é e representa. Sendo como um filme nós somos na vida os artistas dele. Quando ele termina, terminamos também. Por nós mesmos nós não somos. Nós somos a nossa história na vida proveniente da autoria de um autor mental dela que nós desconhecemos. Aqui está implícito que não somos os donos de nossas vidas como pensamos ser. O nada que fomos antes de existirmos irá nos resgatar para sermos nada outra vez. Pois, pertencemos ao tempo até quando ele nos exclua dele. Aqui abaixo no link está como o “Carlitos” sabia o que ele vivia.
Altino Olimpio
https://www.youtube.com/watch?v=gtyPoIFYGlc
Comentários:
Teresa Garcia Gonçalves
Seg, 01/04/2019 13:23
Boa tarde
Muito bom, muito real o seu texto!
Infelizmente é assim mesmo. Do nada viemos e ao nada voltaremos. O importante é o que somos e não o que temos. Nada levaremos. A família e os amigos (inclusos os animais de estimação), nossos únicos tesouros, são eles que amenizam a nossa passagem pelo planeta e é a eles que devemos nos dedicar até o nosso último suspiro.
Charles Chaplin, nosso eterno Carlitos, definiu muito bem tudo isso.
Forte abraço da Teca
Oswaldo Muhlmann Junior - Ordem Rosacruz - AMORC-
01/04/2019
Saudações fraternais!
Quanta verdade e ”sabedoria” na expressão da vida – nada é para sempre! A sua poesia casa bem com obra de Chaplin, um genial “imortal”, que deixou na sua magnífica obra verdades inconfundíveis. Assim, a vida é como ela é, para o nosso próprio crescimento. Deus sabe o que faz!
Portanto, graças a Deus, confiemos e continuemos vivendo, pois além dos limites de nossa compreensão há um infinito mundo que nos espera...
Grande abraço e muito grato pela sua poesia e por nos relembrar a obra deste inolvidável artista!