Versão para impressão

03/04/2019
O se desconhecer

As nuvens do céu azul tão distante

A imensidão que é tão infinita

Neste mundo cheio de desditas

Só se vivem de instantes

São momentos como já foram antes

Agora antes e depois quem sou eu?

Sou alguém que não é ninguém

Quanto a isso não resisto

Sendo nada diante do infinito

Mas eu penso vejo escuto e falo

São apenas posturas de uma criatura

Sendo criatura quer dizer que fui criado

Se antes eu não era não pude evitar

Mas aqui estou sendo como sou

Uma existência com consciência

Na inconsciência do mistério da vida

Até a hora da chegada da morte

Ah a morte que tanto apavora

Que aparece a qualquer hora

É para lembrar o interrompimento

Que todos têm em seus tempos

De ser como um grão de areia disperso

Imperceptível no imenso do universo

Assim como cada um é nenhum

Somos sós conglomerado de átomos

Até quando eles se desatam

Evadindo-se da prisão da sepultura

Ó vida até que a vida se desfaz

Pra que pensar que se é um ser

Aqui onde tudo estará a se desfazer

Para todos existe um prazo

Pois vieram mesmo por um acaso

Eu também sou a coincidência

De todos que vieram para a existência

Entretanto por todos os caminhos

Sempre me vejo caminhando sozinho

Não tenho mais a quem recorrer

Para ensinar o que eu gostaria de saber

Mas porque eu sou saudade e emoção

Se ao final tudo é ilusão

Sempre penso que a vida é um engano

Porque já tive muitos desenganos

Às vezes tenho necessidade de desabafar

Mas onde está quem poderia me escutar

Mas o que penso é melhor ficar escondido

É melhor do que não ser compreendido

Às vezes penso que tudo o que sou

Não sou eu e que sou só uma cópia

Da vida que aprendi desde que nasci

Ah se eu tivesse sido original

Se só comigo mesmo tivesse aprendido

Teria vivido melhor sem ter sido iludido

Que vontade de sair gritando pelas ruas

Para se fazer conhecer minhas loucuras

Ainda tenho saudade do rio e da mata

E de quando pelas ruas eu chutava lata

Naquele tempo em que nada eu sabia

Agora o que sei não sei se terá serventia

Se a vida for só para se viver

Então é inútil tudo sobre ela querer saber

Para isso existem filósofos e a filosofia

Mas de suas deduções tem quem desconfia

A vida como é ainda não foi desvendada

Ela é a curiosidade que não é revelada

É misteriosa até quando se apaga

Nos instantes do nosso desaparecer

Quando logo depois vão nos esquecer

A vida é como um filme que se desenrola conforme o enredo que cada um é e representa. Sendo como um filme nós somos na vida os artistas dele. Quando ele termina, terminamos também. Por nós mesmos nós não somos. Nós somos a nossa história na vida proveniente da autoria de um autor mental dela que nós desconhecemos. Aqui está implícito que não somos os donos de nossas vidas como pensamos ser. O nada que fomos antes de existirmos irá nos resgatar para sermos nada outra vez. Pois, pertencemos ao tempo até quando ele nos exclua dele. Aqui abaixo no link está como o “Carlitos” sabia o que ele vivia.

Altino Olimpio

https://www.youtube.com/watch?v=gtyPoIFYGlc

Comentários:

Teresa Garcia Gonçalves

Seg, 01/04/2019 13:23

Boa tarde

Muito bom, muito real o seu texto!

Infelizmente é assim mesmo. Do nada viemos e ao nada voltaremos. O importante é o que somos e não o que temos. Nada levaremos. A família e os amigos (inclusos os animais de estimação), nossos únicos tesouros, são eles que amenizam a nossa passagem pelo planeta e é a eles que devemos nos dedicar até o nosso último suspiro.

Charles Chaplin, nosso eterno Carlitos, definiu muito bem tudo isso.

Forte abraço da Teca

Oswaldo Muhlmann Junior - Ordem Rosacruz - AMORC-

01/04/2019

Saudações fraternais!

Quanta verdade e ”sabedoria” na expressão da vida – nada é para sempre! A sua poesia casa bem com obra de Chaplin, um genial “imortal”, que deixou na sua magnífica obra verdades inconfundíveis. Assim, a vida é como ela é, para o nosso próprio crescimento. Deus sabe o que faz!

Portanto, graças a Deus, confiemos e continuemos vivendo, pois além dos limites de nossa compreensão há um infinito mundo que nos espera...

Grande abraço e muito grato pela sua poesia e por nos relembrar a obra deste inolvidável artista!