Praças das cidades do interior. Parecia estar numa delas o alguém da nossa felicidade. A juventude estava a dizer sermos incompletos sem um amor único e profundo. Isso nos impulsionava numa busca por alguém sem saber quem. Talvez viéssemos, a saber, em alguns dos passeios pelas cidades do interior numa praça iluminada com fonte colorida e sonora no centro dela e com uma banda no coreto provocando emoções auditivas. Aos sábados o flerte era com as moças da cidade circulando pela praça e os rapazes no sentido contrário. Sendo assim, moças e rapazes ao se confrontarem trocavam seus olhares de simpatia. Outra volta na praça e o reencontro se dava no mesmo lugar. A esperança era que aquela dos sonhos aparecesse em uma das voltas da praça. Esperava-se ver alguém que fizesse o coração disparar por ela. Isso até que aconteceu, mas, o titubear em puxar conversa com ela que estava acompanhada por outras impediu a aproximação. Ao som da banda do coreto e o esperar por uma oportunidade melhor para falar com ela fez o desperceber do tempo a passar. Vinte e duas horas... E a praça foi ficando vazia de pessoas. Onde está ela? Desapareceu? Por que não deu mais uma volta na praça? Talvez não tenha me apreciado como eu a apreciei. Aquele sentimento do “não ter dado certo” exteriorizou-se num lamento e no tormento do “nunca mais vou vê-la”. Ausente de pessoas a praça se transformou em melancolia. Situação propícia para a vinda da lembrança de onde se era. E do mesmo lugar, alguém que lá estava era aquela, ainda, sempre presente no pensamento. Eu sabia da inviabilidade de um romance entre nós, mas, naquela praça do interior vazia, naquele meu vazio senti saudade dela vendo na mente, seu rosto e seu sorriso. Esses devaneios, no mais das vezes eram interrompidos pela conversa com o amigo que esteve comigo naquela ocasião. Daqueles passeios por cidades do interior onde a atração principal era aos sábados na praça central, onde, moças e rapazes se entreolhavam na esperança de encontrar o amor de suas vidas ficaram as saudades. Foram tantos rostos vistos e muitos olhares trocados, mas, o “quem é quem” poucas vezes se fez saber para quem era do local e para quem era de outra cidade, pois, o nunca mais voltar lá, acontecia. Hoje as praças ficam vazias e os jovens nem imaginam o quanto elas foram românticas naqueles dias. A fonte luminosa, a banda no coreto, moças e rapazes clamando para o destino apresentar numa daquelas voltas pela praça quem seria o amor de suas vidas e isso, muitas vezes o destino fez acontecer.
Altino Olympio
Comentários:
Concordo com esta crônica. As praças foram locais paradisíacos no passado. Lembro-me muito da Praça Santo Antonio de Caieiras nas décadas de 60, 70. Nosso maior programa era aos finais de semana passear pela praça.Sempre depois da missa das 19 horas. A fonte luminosa encantou gerações. A paquera, o coração disparado pelos encontros e olhares furtivos, a música no alto falante da igreja, o correio elegante. Tudo enfim maravilhoso e romântico demais. Usávamos nossas melhores roupas para o evento. Como foi bom ter vivido uma época assim. Hoje dá tristeza. As praças perderam o romantismo, o encanto e o jovens nem imaginam o quanto é bom namorar num banco em frente a uma linda fonte luminosa. Sorte a nossa que vivenciamos tão belos momentos.
Fatima Chiati