O corpo humano com tantos atributos a seu favor deveriam
ser eles para a intensificação da primordial necessidade de cada
um, o manter em expansão sua consciência. Deixar a vida sendo levada
pelas identificações com todas diversidades de fatos produzidos
pela humanidade no mundo, isso embota a recepção pelo que realmente
interessa para a vida poder se desenvolver mancomunada com a consciência
e atingir profundidades desconhecidas. Tais profundidades de consciência
são sem valor para a maioria e isso é natural, pois, sem essa
maioria a humanidade como sociedade não sobreviveria. Profundidades de
consciência alteram qualquer ser humano para um viver diferenciado mais
isolado.
A minoria dada a seguir seus ditames e seus impulsos na contra-mão com
os seguidos pela maioria é antiproducente para os propósitos propostos
para o viver em sociedade.
Entretanto, a minoria pouco se deixa distrair ou iludir por anseios inconvenientes
que ocupam a mente tornando-a indiferente ou esquecida dos anseios mais sublimes.
Os seres humanos podem ser classificados em duas partes: bem
menor que a segunda, a primeira parte deles ama a vida e a segunda ama o mundo.
Os primeiros derivam muitos de seus aprendizados dos segundos que vivem sob
um “encantamento” pelo mundo. Os segundos, desinteressados de como
vivem os primeiros, eles constroem seus “castelos de areia”, sofrem
por eles e por eles vivem aprisionados. Os da primeira parte elevam seus pensamentos
e sempre estão sentindo suas vidas. Os da segunda mantém seus
pensamentos enroscados nos labirintos de se existir no que é proporcionado
pelo mundo. Suas vidas transcorrem mais ou menos esquecidas.
O “caminho do meio” entre as duas partes seria o ideal. Nem tanto
sol nem tanta lua.
Ambas as partes cometem seus exageros. É difícil reconhecer onde
está o equilíbrio, mas, se encontrado, ele possibilita dedicar-se
ao mundo sem ser afetado por ele. Possibilita entranhar-se no valor da introspecção
pela vida reconhecendo o mundo como sua morada. O que a introspecção
produz deve ser transferido para a existência diária. Isso facilita
ter neste mundo uma filosofia própria de viver, não importando
se muito diferente das dos demais.
Quanto aos atributos que o ser humano possui, alguns são
pouco utilizados. São aqueles oriundos da capacidade de praticar concentrações,
meditações e reflexões. Nos momentos dedicados a essa prática,
a preponderância pelo sentir da vida é mais forte do que o se lembrar
do mundo. Nesses momentos de paz e introspecção, com o ser voltado
para si mesmo, o inusitado pode aparecer para ser decifrado. O contentamento
pelos pensamentos que surgem nessas ocasiões, supera qualquer prazer
proveniente do viver no mundo, no agradar da existência física.
Isto distingue os que amam a vida e são contentes com o mundo dos que
só amam o mundo, indiferentes ao que lhes pode proporcionar uma vida
mais contemplativa. Isto tudo, confuso como possa parecer para os desavisados
dos malabarismos da mente, não é confuso para os mais circunspectos
pelo que a vida possa oferecer dos seus recessos reclusos por ainda serem pouco
conhecidos. Quantidade não é nossa preocupação,
pois ela é o se dispersar na indolência do esforço para
percepção mais aguçada que é predominante em consciência
mais dilatada seguindo por vereda incomum de solitários solidários.