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22/02/2006
O Mundo e a Vida

O corpo humano com tantos atributos a seu favor deveriam ser eles para a intensificação da primordial necessidade de cada um, o manter em expansão sua consciência. Deixar a vida sendo levada pelas identificações com todas diversidades de fatos produzidos pela humanidade no mundo, isso embota a recepção pelo que realmente interessa para a vida poder se desenvolver mancomunada com a consciência e atingir profundidades desconhecidas. Tais profundidades de consciência são sem valor para a maioria e isso é natural, pois, sem essa maioria a humanidade como sociedade não sobreviveria. Profundidades de consciência alteram qualquer ser humano para um viver diferenciado mais isolado.
A minoria dada a seguir seus ditames e seus impulsos na contra-mão com os seguidos pela maioria é antiproducente para os propósitos propostos para o viver em sociedade.
Entretanto, a minoria pouco se deixa distrair ou iludir por anseios inconvenientes que ocupam a mente tornando-a indiferente ou esquecida dos anseios mais sublimes.

Os seres humanos podem ser classificados em duas partes: bem menor que a segunda, a primeira parte deles ama a vida e a segunda ama o mundo. Os primeiros derivam muitos de seus aprendizados dos segundos que vivem sob um “encantamento” pelo mundo. Os segundos, desinteressados de como vivem os primeiros, eles constroem seus “castelos de areia”, sofrem por eles e por eles vivem aprisionados. Os da primeira parte elevam seus pensamentos e sempre estão sentindo suas vidas. Os da segunda mantém seus pensamentos enroscados nos labirintos de se existir no que é proporcionado pelo mundo. Suas vidas transcorrem mais ou menos esquecidas.
O “caminho do meio” entre as duas partes seria o ideal. Nem tanto sol nem tanta lua.
Ambas as partes cometem seus exageros. É difícil reconhecer onde está o equilíbrio, mas, se encontrado, ele possibilita dedicar-se ao mundo sem ser afetado por ele. Possibilita entranhar-se no valor da introspecção pela vida reconhecendo o mundo como sua morada. O que a introspecção produz deve ser transferido para a existência diária. Isso facilita ter neste mundo uma filosofia própria de viver, não importando se muito diferente das dos demais.

Quanto aos atributos que o ser humano possui, alguns são pouco utilizados. São aqueles oriundos da capacidade de praticar concentrações, meditações e reflexões. Nos momentos dedicados a essa prática, a preponderância pelo sentir da vida é mais forte do que o se lembrar do mundo. Nesses momentos de paz e introspecção, com o ser voltado para si mesmo, o inusitado pode aparecer para ser decifrado. O contentamento pelos pensamentos que surgem nessas ocasiões, supera qualquer prazer proveniente do viver no mundo, no agradar da existência física. Isto distingue os que amam a vida e são contentes com o mundo dos que só amam o mundo, indiferentes ao que lhes pode proporcionar uma vida mais contemplativa. Isto tudo, confuso como possa parecer para os desavisados dos malabarismos da mente, não é confuso para os mais circunspectos pelo que a vida possa oferecer dos seus recessos reclusos por ainda serem pouco conhecidos. Quantidade não é nossa preocupação, pois ela é o se dispersar na indolência do esforço para percepção mais aguçada que é predominante em consciência mais dilatada seguindo por vereda incomum de solitários solidários.


Altino Olímpio