Mas que sufoco
Neste domingo dia nove de outubro de dois mil e vinte e dois olhei no espelho que deve estar com defeito, isso porque, ao invés de me ver nele parece que vi o meu avô. Rosto repleto de riscos (sulcos ou rugas) que me fez lembrar de uma música de nome Rugas Precoces cantada pelo saudoso Nelson Gonçalves: “Hoje bem cedo olhei o meu rosto no meu espelho e murmurei quase em segredo Deus do céu como estou velho, eu acabei. Ainda ontem meu espelho hoje impiedoso...” Essa música me fez lembrar de quando quase me acabei, mesmo. Foi no ano de 2015 por ocasião do “meu” terceiro infarto e que fiquei internado no Hospital Dante Pazzanese de São Paulo.
Eu estava bem (parecia) quando voltei para o “meu” quarto depois de ter ido me submeter a um exame de cateterismo. Mas logo comecei a sentir falta de ar. Caramba, quem teria “desligado o ar” do lugar donde eu estava? Eu, pelo nariz ou pela boca puxava o ar mas ele não vinha. Não tinha ar. Já apavorado comecei a grunhir como um porco, barulho este provocado pela minha tentativa de respirar. Isso fez com que várias pessoas se aproximassem: Médicos, enfermeiros e outros e que eles ficassem na entrada do meu quarto assistindo ao meu sufoco. E eu continuava a gritar: Não tem ar, não tem ar pra respirar.
Alguém quis me colocar oxigênio encanado pelo nariz, mas, eu o afaste, até delicadamente. Outro que também não vi quem era, me deu um aparelho para respirar por ele. Interessante, pela boca eu puxava o ar por um bico do aparelho e isso fazia um barulho que ele, o aparelho, repetia depois. Aos poucos a minha respiração foi se restabelecendo ficando normal. Não vi quem me ofereceu o aparelho porque eu estava com os olhos fechados já pensando que “minha hora havia chegado”. Mas, como? Isso não podia ser. Se eu partisse será que as minhas filhas iriam, como eu, cuidar bem dos meus gatos (risos).
Se aquelas pessoas que a tudo estiveram assistindo pensaram que eu estivesse morrendo, eu as decepcionei, pois, eu não morri (risos). Como já estava marcado, no dia seguinte fui levado para a cirurgia da ponte de safena e que ocorreu tudo bem. Lembrando do início desta crônica sobre o que se vê no espelho, ele que só espelha o que é real, isso no mais das vezes destrói a vaidade de muitas pessoas que, “caem na realidade” da perda da atratividade que antes possuíam e que não volta mais (risos).
Altino Olimpio