Não somos dados a escrever sobre temas que não
sejam de nosso conhecimento ou experiência, dos quais, não temos
quaisquer comprovações sobre eles, principalmente aqueles que
ainda são apenas idéias popularizadas e nunca manifestadas como
fidedignas no conceito geral para poderem ser transpassadas com suas compreensões
indubitáveis. O que só existe como idéia e ainda sem conseqüência
na prática é abstração
Por exemplo, “Deus gosta de ouvir nossas orações”.Essa
afirmação é totalmente impossível de ser comprovada,
portanto, mesmo sendo uma abstração simpática e confortável
para os providos de fé, jamais ela deixa de ser uma abstração.
Voltando ao tema sobre as duas consciências ou mentes,
interior e exterior, não é difícil entender quando uma
substitui a outra. Quando deitamos para dormir tendo um pensamento predominante,
temos algum domínio sobre ele porque ainda estamos num estado objetivo
e donos da situação, mas, não por muito tempo. Sem querer
e perceber, paulatinamente nosso pensamento vai ficando embaralhado enquanto
vamos perdendo a noção de onde estamos, da percepção
do corpo e perdendo o domínio do pensamento que era predominante. Ele
desaparece no estado intermediário entre o estado de acordado e o estado
de adormecido. É quando somos invadidos por imagens e pensamentos “desautorizados”.
Quando despertos e sob a regência da mente exterior (consciente) podemos
manter e dominar um pensamento. Não naquele estado intermediário
quando ele vai sendo substituído por outros pensamentos que chegam como
querem. Nesse intermédio entre o estar acordado e dormindo está
caracterizada a substituição de uma mente por outra. A mente exterior
gradualmente se dilui com o gradual substituir dela pela mente interior (inconsciente).
Nesse ponto intermediário os pensamentos são desordenados e podem
ser entendidos como já sendo um sonho. Permanecer estático numa
condição “atento-desatento” nesse estágio intermediário
tão fugaz requer muita prática. Entretanto, isso propicia algumas
visões de imagens insólitas antes que o sono profundo se estabeleça.
A prática também faz com que se delonguem esses instantes periódicos
onde o devaneio se entretém com proezas mentais mirabolantes, irreconhecíveis
e inconsistentes com o nosso mundo de realidades.
Somente quem já passou por experiência semelhante
pode alcançar a compreensão sobre esta explanação
desse comportamento mental que antecede o sono profundo Não é
familiar para a maioria, pois, a atenção a ele é desprezada
por considerá-lo improdutivo. Conseqüentemente, o estado intermediário
que precede o sono nunca é perceptível e nem o estado intermediário
que antecede o despertar. A preponderância pelo nosso viver desperto,
objetivo, material, só ele tendo o valor para a nossa realidade faz com
que, desprezemos nosso lado imaterial, espiritual. Esse viver pessoal exclusivo
é egoísta. Desconhece a potencialidade do existir impessoal intrínseco
(inconsciente coletivo do Jung) donde derivam os conhecimentos da humanidade
e onde desperta aquele “mestre interior” tão propalado nas
sociedades secretas, esotéricas. Estar atento aos “estados intermediários”
já é um início de comunicação com ele. Comprovar
ou desconsiderar! A primeira opção exige esforço e a segunda
nenhum, por isso é a mais comum.