03/06/2006
A Psique Humana – Parte 8

Não somos dados a escrever sobre temas que não sejam de nosso conhecimento ou experiência, dos quais, não temos quaisquer comprovações sobre eles, principalmente aqueles que ainda são apenas idéias popularizadas e nunca manifestadas como fidedignas no conceito geral para poderem ser transpassadas com suas compreensões indubitáveis. O que só existe como idéia e ainda sem conseqüência na prática é abstração
Por exemplo, “Deus gosta de ouvir nossas orações”.Essa afirmação é totalmente impossível de ser comprovada, portanto, mesmo sendo uma abstração simpática e confortável para os providos de fé, jamais ela deixa de ser uma abstração.

Voltando ao tema sobre as duas consciências ou mentes, interior e exterior, não é difícil entender quando uma substitui a outra. Quando deitamos para dormir tendo um pensamento predominante, temos algum domínio sobre ele porque ainda estamos num estado objetivo e donos da situação, mas, não por muito tempo. Sem querer e perceber, paulatinamente nosso pensamento vai ficando embaralhado enquanto vamos perdendo a noção de onde estamos, da percepção do corpo e perdendo o domínio do pensamento que era predominante. Ele desaparece no estado intermediário entre o estado de acordado e o estado de adormecido. É quando somos invadidos por imagens e pensamentos “desautorizados”.

Quando despertos e sob a regência da mente exterior (consciente) podemos manter e dominar um pensamento. Não naquele estado intermediário quando ele vai sendo substituído por outros pensamentos que chegam como querem. Nesse intermédio entre o estar acordado e dormindo está caracterizada a substituição de uma mente por outra. A mente exterior gradualmente se dilui com o gradual substituir dela pela mente interior (inconsciente). Nesse ponto intermediário os pensamentos são desordenados e podem ser entendidos como já sendo um sonho. Permanecer estático numa condição “atento-desatento” nesse estágio intermediário tão fugaz requer muita prática. Entretanto, isso propicia algumas visões de imagens insólitas antes que o sono profundo se estabeleça. A prática também faz com que se delonguem esses instantes periódicos onde o devaneio se entretém com proezas mentais mirabolantes, irreconhecíveis e inconsistentes com o nosso mundo de realidades.

Somente quem já passou por experiência semelhante pode alcançar a compreensão sobre esta explanação desse comportamento mental que antecede o sono profundo Não é familiar para a maioria, pois, a atenção a ele é desprezada por considerá-lo improdutivo. Conseqüentemente, o estado intermediário que precede o sono nunca é perceptível e nem o estado intermediário que antecede o despertar. A preponderância pelo nosso viver desperto, objetivo, material, só ele tendo o valor para a nossa realidade faz com que, desprezemos nosso lado imaterial, espiritual. Esse viver pessoal exclusivo é egoísta. Desconhece a potencialidade do existir impessoal intrínseco (inconsciente coletivo do Jung) donde derivam os conhecimentos da humanidade e onde desperta aquele “mestre interior” tão propalado nas sociedades secretas, esotéricas. Estar atento aos “estados intermediários” já é um início de comunicação com ele. Comprovar ou desconsiderar! A primeira opção exige esforço e a segunda nenhum, por isso é a mais comum.


Altino Olímpio

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