A memória nada mais é do que o interagir ou o retroagir para com o que já está morto. E o que está morto é o passado, seja ele bom ou ruim. A memória sempre o atrai para interferir com a atualidade do presente. Memória é o que já passou, não mais existe e não retorna como realidade. Por isso o que já existiu e já passou e como a morte já desapareceu, sempre em pensamento reaparece, e isso, chama-se memória. Ela, no mais das vezes é impeditiva para que se viva no aqui e no agora da existência. Ela é o nosso dormir acordado quando nos distrai dos momentos conscientes dos nossos presentes. Na prática mais vivemos ausentes de nossos presentes quando a memória se torna dona deles nos enviando para o pretérito de nossa existência, ela tendo sido boa ou ruim para relembrar mesmo quando não queremos. A memória pode ser uma tortura para quem quer se livrar do passado e não consegue. Ele sempre reaparece quando qualquer estímulo o atrai mesmo em momentos indesejáveis para ele. Lembrando, o que mais a memória registra são as pessoas e os fatos causadores de nossas mágoas, ainda mais quando nós muito nos lamentamos disso.
Ela, a memória, seria o inferno para quem tem contas a pagar pelo mal que tenha causado a outros se a consciência se lastima do fato de ter sido desumano e maldoso com os próximos. Mas, a memória perde sua influência quando a incidência de uma enfermidade causa uma dor constante. A dor quando ininterrupta, ela mais nos recoloca no presente de nossa existência, deslocando assim a memória das lembranças do passado remoto e até do passado ainda recente. Entretanto, a dor nunca é bem-vinda seja ela por qualquer motivo. No entanto, a memória é muito amiga daqueles e daquelas que são saudosistas. Como seus presentes parecem ser insignificantes e desprovidos de atrações, suas quase de sempre voltas ao passado os conduzem para o sentir das saudades. E elas lhes promovem a melancolia ou a alegria por terem tido seus bons momentos na vida. Sendo assim, a memória pode mesmo ser amiga ou bandida se ela trouxer do passado o que não se quer que seja lembrado. Sendo amiga ou bandida ela é bem melhor do que quando se vive desmemoriado. Esse estado de ser não é tão incomum como se imagina. A muitos ele afeta nestes dias de tanta correria para alcançar não se sabe o que. Mas, tudo o que se busque é o se casar com o que se encontra e se realizando “até que a morte nos separe”.
Altino Olimpio