Numa continuidade ao texto anterior “Alma Ainda é História” tomamos conhecimento do quanto à alma foi pivô de desacertos intelectuais sobre ela. Aceitando ou não o fato de sua existência ser ainda improvável, ela, em importância sempre esteve superando a vida do ser humano, tido como inferior, porque, o mesmo morre e ela não. Sendo do agrado ou não, esse conceito ainda incerto fez com que muitos se preocupassem com o destino de suas almas no depois de suas mortes físicas. A “salvação da alma” concedida por intermédio das orientações das religiões se baseia nisso como propósito para agregar os crédulos da existência dela, da sua continuidade e da sua eternidade. Nada a desconsiderar se isso não tivesse causado tantas separações entre pessoas, tantas guerras e tanto derramamento de sangue. As contendas religiosas quiseram significar que uma é melhor que outra no preparo para uma existência no âmbito espiritual. Religiões existem por causa da crença na alma. Na descrença dela religiões não existiriam, não seriam necessárias. Como ainda não há um consenso geral e provável sobre a alma, o condicionamento mancomunado com a fé fez com que ela exista para muitos dos inaceitáveis para qualquer prerrogativa ao contrário. Lembrando Gurdijeff, um filósofo do século passado, ele disse que a alma é um luxo. Deu a entender que nós não a temos conforme pensamos. Corajoso, teria tido razão naquele seu “ir contra a corrente” daquela época? O ser humano comum, aquele mais dado apenas ao fluir dos seus cotidianos, ele, não tem interesse e talvez nem capacidade para sequer refletir sobre argumentos outros que sejam contrários aos seus, se é que os têm. Isso é um entrave para sua mente. Para ele, uma controvérsia sobre a existência da alma pode lhe parecer uma blasfêmia, também, porque, desconhece sérios estudos sobre isso, donde outros mais interessados auferem subsídios para a confrontação com os que possuem. Com isso podem deixar de ser vítimas despreparadas para o que ouvem ou lêem quando o necessário seria refutar ao invés de aceitar. Quanto à alma, se somos desalmados ou não, isso não interferiu ou impediu a vida de quem vive sem essa preocupação. Talvez, até lhe tenha sido melhor, porque, quanto menos preocupação se tem mais liberdade para viver se tem também.