O lugar era mesmo apenas de operários, escriturários e de suas famílias. Existiam vilas próximas a fábrica de papel de Caieiras, Indústria Melhoramentos, como também existiam as vilas mais distantes. Todas tinham nomes bem populares, Vila Nova, Vila Leão, Vila Pereira, Bairro Chique, Rua do Barbeiro e etc. Entretanto as ruas não tinham nomes, nenhuma delas. Quando alguém perguntava onde eu morava, eu respondia que era numa daquelas casas que ficavam abaixo da Vila Nova e antes da Vila Ilha das Cobras e esta, antes da Vila Leão. Para complementar eu dizia que era vizinho do Senhor Polato que era o outro barbeiro daquele lugar. Gozado, havia lá um lugar chamado de Tico-tico.
Também gozado, outro lugar onde havia uma lagoa se chamava Ponte Seca. Nome este porque, acredito, lá, uma estradinha passava por debaixo da linha dos trens da antiga Estrada de Ferro Santos a Jundiaí que, mais era um muito curto túnel do que uma ponte. Como consideravam aquilo de ponte e como não havia rio por baixo, o nome ficou sendo Ponte Seca para identificar aquela vila que havia por lá. Os garotos quando lá na lagoa iam pra nadar, eles falavam: Vamos nadar ou fomos nadar lá na ponte seca, gozado, não?
No início deste texto foi citado o anteriormente tão falado Bairro Chique. Na verdade não era um bairro. Era apenas uma rua muito simpática com casas de ambos os lados e o mais importante, lá ficava a tão querida e saudosa escola. Hoje, só ela não foi demolida, mas, está parecendo como sendo uma ruína antiga absorvida pela mata. Continuando, a Rua do Bairro Chique não era chique (risos). As casas de lá eram das mais antigas, como também eram as casas da Vila Pereira. Foram as primeiras construídas pela indústria para os seus funcionários.
Por isso, as casas mais novas construídas, por volta do ano de 1942, ganharam o nome de Vila Nova. Estas casas também, “se sabendo” prejudiciais à natureza, resolveram desaparecer para a antiga mata reaparecer sem ter gente para aborrecer (risos). Por “falar” em gente, lá na Rua do Bairro Chique, havias três personalidades cujas fisionomias me recordo bem. O Armandão e suas duas irmãs, Pina e Beatriz. Sempre eram vistos e quase sempre em todos os lugares. Pelas ruas, no armazém, no clube, e etc.
O Armandão quase sempre sozinho e as duas irmãs sempre juntas. A Beatriz se casou com um rapaz que tinha o apelido de “Saci”. O irmão sempre foi solteiro e se não me engano a Pina também. Depois que deixei aquele lugar nunca mais eu os vi, como também, jamais vi muito dos outros. No entanto, às vezes eles reaparecem na minha memória. Tudo faz parte da vantagem de ter nascido e vivido num lugar pequeno onde todos se sentiam iguais e tendo os mesmos privilégios. Não existe retorno para essa mesma situação.
Altino Olympio