Sempre fui cheio de querer saber
Se a vida tem alguma razão de ser
Ou que seja só para viver por viver
Se o existir tem algum propósito
Ninguém sabe ao certo
Nesse viver tão incerto
Sei que criaram muitas respostas
Mas todas são apenas apostas
Certeza mesmo é que se morre
Nada existe que nos socorre
Viver pode ser mesmo um acaso
Da gente só existir num prazo
Quando ele se esgota
Não adianta sentir revolta
É o fim de todo o nosso acúmulo
E sem ele vamos para o túmulo
Pra que se levar a vida tão a sério
Se o nosso fim é lá no cemitério
A morte é apenas aquela fronteira
Onde deixamos as nossas besteiras
Acumuladas pela vida inteira
Ridículo como as incertezas
São aceitas como certezas
Iguais aos fatos improcedentes
Sem realidades correspondentes
O meu estar “cheio de querer saber”
Já sumiu antes de eu morrer
A vida não é só aquela beatitude
Que faz feliz e ilude a juventude
Ela não é aquele mar de rosas
Dito por quem só gosta de prosa
Muitos ainda não têm a noção
De que a felicidade pode ser ilusão
Que só existe no desejo de desejá-la
Só sei que com tanta palhaçada
A vida é mesmo muito engraçada
E eu fico sempre dando risada
De quem não sabe de nada
E pensa que sabe de tudo
Mesmo sem ter qualquer estudo
A vida é boa só pra quem vive à toa
Sem responsabilidade e compromisso
Num viver de egoísta e de omisso
Mas não sei se na vida existe algum propósito
Só sei que o mundo é um imenso depósito
Pra tanta gente que sempre sente e pensa
Que basta apenas viver e só isso já compensa
Altino Olympio