Dia ensolarado. Arquibancada repleta, ela é circular
cercando a areia da arena. A banda já executou suas músicas costumeiras
e se ouve o vozeio do povo esperando pelo espetáculo.
Um portão é aberto donde surge um touro parecendo feliz com um
sentimento de liberdade, porque, circula pela arena como que, reconhecendo o
terreno. Homens a cavalo, por vezes espetam-lhe uma lança para irritá-lo
e assim prepará-lo para ser toureado o que, logo acontece. Num elegante
traje de marica e com sua capa, o toureiro se aproxima do animal e provoca-o
para que lhe ataque. Isso o touro faz mas, é enganado pelo toureiro que
se desvia dele com os artifícios utilizados com a capa. Cada vez que
os chifres do touro passam bem rente ao corpo do toureiro, a platéia
se inflama gritando olé, olé, olé. Depois, sem as artimanhas
com a capa, indo de encontro ao animal, o toureiro espeta-lhe duas setas de
metal que ficam dependuradas portando enfeites como, bandeirinhas. Voltando
a tourear até que o animal fique cansado, é aguardado o momento
de sua morte.
Unanimidade, todos estão contra ele. Na arena de areia pisoteada está
o orgulho do touro que sozinho está contra todos. Das setas espetadas,
sangue escorre-lhe pelo corpo de pelo curto, pigmentando a areia revolta, a
testemunha silente da violência humana contra seres inferiores. Já
cansado, o touro fica olhando para o seu carrasco. Naquele silêncio de
morte, o toureiro lembrou-se que antes daquele “espetáculo”
atirou seu gorro para uma donzela da platéia, significando isso que,
oferecia-lhe a vida do touro.
Expectativa! Sem o agitar da capa vermelha o touro está imóvel
e indeciso. Uma gosma branca pinga-lhe do nariz ou da boca. Bufando enquanto
fixa o olhar no toureiro, uma de suas patas dianteiras está raspando
o solo numa postura animal de ataque.
Como num ritual, num gesto elegante e vaidoso, o desenrolar a espada da capa
provoca suspense no povo pela emoção que vai produzir uma morte
violenta.
O aço frio da espada comprida reflete o brilho do sol. É agora!
Touro e toureiro fixam o olhar, um no outro. Com o touro ainda imóvel,
com uma das mãos o toureiro aponta-lhe a espada. Com outra mão,
sacode a capa, o touro avança E O HOMEM ENFIA-LHE A ESPADA NO DORSO ATÉ
O CABO.
O touro cambaleia, seu gemido a ninguém comove. Dobra os joelhos, sustenta-se
neles até que tomba de lado, riscando a areia com um dos chifres e a
areia fofa acomoda sua cabeça até seu último suspiro.
Aplausos e gritaria repercutem pela arena numa aclamação pelo
“herói” que demonstrou sua coragem diante de um “inimigo”.
Antes dessa festa, o toureiro esteve na capela rezando para a Virgem de Macarena
ou outra qualquer que represente a Virgem Maria para pedir proteção.
Essa cumplicidade com a religião para violências desnecessárias,
porque é ou era permitido?
Se Deus fosse como dizem que é, com certeza pouparia o touro e faria
morrer o toureiro como castigo para servir de exemplo. Olé, olé,
olé... ... ...idiotas!