27/01/2009Gente sem palavra
Nesta era duplicou o número dos “sem palavras”, aqueles do não cumprir o que prometem. Essa vergonha humana já é panacéia. Embutida nesse “falar e não cumprir” está à mentira mesmo ela fazendo parte dos sagrados Dez Mandamentos conhecido e esquecido por todos (risos). Dentre muitos exemplos está o do casamento. No altar e perante o Deus, homem e mulher se comprometem viver juntos para sempre. Mas “qual o que”, muitos se separam e nem satisfação dão a Ele. Para Ele, então, o casal continua unido, pois, não foi informado da separação. O homem parece ter a sina de tudo deixar incompleto. Se existe uma cerimônia para união, porque não também outra para desunião? O casal teria a oportunidade de se desculpar (ou pedir perdão) a Deus com o porquê do não cumprimento do compromisso assumido. Na cerimônia o intermediário entre o céu e a terra poderia dizer: Tirem as alianças e se lhes foi dito “o que Deus uniu o homem não separa”, isso foi uma brincadeira. Ainda bem que vocês não levaram a sério porque, muitos levaram e até o fim de suas vidas ficam se aturando. Brincadeira também foi o “até que a morte os separe”, pois, é a vida em seu transcorrer que dita suas regras, seus costumes, suas condutas e, não orientações tidas como sendo do além que estão aquém da realidade terrena. A vida está a se demonstrar como ela é e não a ser como queiram que ela seja. Agora, investido do poder que me foi outorgado eu os declaro separados. Podem se esbofetear se quiserem. Pronto! Diante de Deus foi desfeito o compromisso. O que Ele uniu, Ele mesmo separou. A seguir a festa do descasamento teria que ser num estádio, porque, ninguém iria querer perder uma festa de separação. Os convidados teriam a oportunidade de se expressarem sobre suas convicções como: Eu falei que o casamento não ia dar certo; falei-te que ele não valia nada; ela também viu, não é flor que se cheire; bem feito, gente metida acaba assim; é mesmo, eles tiveram o que mereciam; no livro “Assim Falava Zaratustra” de Nietzsche temos “A muitas loucuras breves chamais amor. E o vosso casamento põe fim a muitas loucuras curtas para fazer delas uma longa loucura” (risos). Quando já idoso um dos cônjuges esclerosado passa a cometer atos repugnantes, separado do outro ele é levado a um asilo descumprindo assim a promessa “na saúde e na doença até que a morte os separe”. Pobres seres humanos, suas promessas e juras se dissolvem como se dissolvem seus “castelos de areia” construídos sobre crenças lhes imputada no decorrer de suas programações. Tais castelos sempre são reconstruídos, pois, seus “programas” instalados ditam suas diretrizes quando estas deveriam ser as de suas razões. Da vida, como ela é e quando ela como quer, ela descarta os pormenores humanos como compromissos, responsabilidades, promessas, juramentos e tudo o mais pertencente ao plano mental humano, quando doente o torna incompetente para prosseguir ao que se propôs ou lhe propuseram. Contudo, nada disto deveria servir de desculpa para os mentais saudáveis (até parecem) continuarem a ampliar a epidemia dos “homens sem palavras”.
Altino Olímpio