Quando nós nos sentíamos importantes
Onde eu morava, para ir à Cidade de São Paulo se ia de trem. Os trens de vagões de madeira da antiga Estrada de Ferro Santos à Jundiaí que dispunham de duas opções para se poder viajar: de primeira ou de segunda classe. Viajando de primeira classe trajando terno e gravata se sentia importante (risos). As moças também se sentiam importantes com seus trajes bem femininos antes das calças de brim que as igualava serem moda.
Em São Paulo, aos fins de semana os espetáculos eram das moças bem vestidas e dos rapazes de terno e gravata que ficavam em fila nas calçadas das ruas ou das avenidas onde existiam os cinemas. Ficavam em fila para comprarem os ingressos para assistirem ao filme da sessão da tarde que haviam escolhido.
Na Avenida São João e próximos a ela como no Largo do Paissandu existiam os cinemas Bandeirantes que depois da sua reforma passou a se chamar Cine Ouro, este que ficava bem próximo ao Cine Paissandu. Perto dali existia o Cine Arte Palácio, Cine Marrocos, Cine Jussara, Cine Rivoli e os cines Marabá e Ipiranga que ficavam na Avenida Ipiranga. Na Praça da República existia o Cine República e na Rua Sete de Abril existia o Cine Coral. Não tão próximos existiam também os Cines Arouche, Cine Metro, Rio Brando, Cine Áurea, o Cinerama e etc. Os jovens de hoje não os conheceram e eles não têm as mesmas lembranças que os “idosos de hoje tem” (risos).
Com o advento da televisão em 1950, isso, veio a enfraquecer a frequência nos cinemas. E com o tempo a passar, muitos cinemas deixaram de existir transformados que foram em igrejas evangélicas. Atualmente os cinemas estão localizados em vários Shoppings, mas, eles não têm a mesma atração que tinham quando eram salas de espetáculos existentes nas ruas ou avenidas da cidade. Naqueles tempos de quando se ia de um cinema a outro para ver qual filme estava passando, até se podia “paquerar” ou flertar com as moças que estavam na fila do cinema para assistirem o filme que haviam escolhido. Mesmo que não fossemos importantes, nos foram importantes aqueles tempos que o tempo fez desaparecer, mas, poupando-nos das lembranças que temos daquele viver romântico em que vivemos.
Altino Olímpio