Mantra sagrado
As mães sempre preocupadas com seus filhos, quando da saída de casa deles para algum lugar, elas, lhes dizem “filhos, cuidado, não se envolvam em confusões e cuidado com a violência destes dias”. E ao se despedirem deles quando eles estão a sair de casa elas lhes dizem: Deus te abençoe. Muitos Paes devem ter dito isso aos seus filhos por ocasião das passeatas do mês de junho do ano passado, que, ficou na história, só na história. Mas, alguns desses filhos foram contratados para animar as passeatas para que elas não ficassem monótonas. De fato animaram mesmo. A Dona Mídia adorou a participação deles, pois, pode mostrar ao mundo como os brasileiros são civilizados, alegres e inofensivos. Apenas ocultou para o povo cartazes com ofensas ao quem se pensa ser o dono do Brasil. Infelizmente muitos filhos não receberam o desejo de suas mães para que eles fossem abençoados, então, desprotegidos, eles provocaram algumas poucas arruaças. A polícia que peca por não acatar os conselhos da Mídia errou por tentar acalmá-los com tiros de borracha, bombas de efeito moral e cassetetes. Como quer a Mídia, cada policial deveria estar preparado com um buquê de flores e ao se deparar com aqueles que estavam “arruaçando”, oferecer-lhes uma flor e dizer-lhes “eu te amo” e, por favor, não mais modifiquem as fachadas dos bancos e das lojas. Claro que, com tanta amabilidade os animadores das passeatas melhor se comportariam. Bombas e mais bombas, balas de borracha e mais balas de borracha seriam economizadas. Por sua vez, a Mídia e os Direitos Humanos se regozijariam pela idéia deles ser mais prática no conter exaltados. Alguns exagerados na alegria tão contagiante de animar as passeatas foram detidos. Entretanto o “Deus te abençoe” funcionou, porque, nada de mal aconteceu com eles. Contudo, a frase “Deus te abençoe” hoje é moda. Acredite quem quiser, mas, ouvi uma mulher que alimenta os cachorros de rua dizer para um deles “Deus te abençoe”. Felizmente ninguém pronuncia o “seu santo nome em vão”. Perto donde moro vive um senhor e lá no lugar donde frequentava enquanto podia, deve ter ouvido muito essa frase. Agora ele está com Alzheimer. A frase funcionou porque como agora a ninguém conhece, vive em paz, tranquilo sem aquele “enche o saco” dos outros.
Altino Olympio