Muitas pessoas depois de suas incumbências diárias,
adormecem sem se preocuparem com suas situações. Antes, tentam
preencher os seus momentos com ocupações triviais, elas sendo
mais distrações como fugas dos seus próprios pensamentos,
aqueles que possam acusar uma condição de ausência de valores.
No vazio existencial os pensamentos são concomitantes com vazios recíprocos.
Um “manto negro” se sobrepôs e pairou sobre a humanidade causando
o desleixo de sua necessidade evolucional condizente com o propósito
requerido pela vida. As instituições criadas pelos homens para
suprir o lado moral e espiritual da existência, conforme vemos, falharam
em seus desígnios. Suas normas não correspondem com este plano
de existência, visto que, o “progresso” inutilizou-as sem
adaptá-las ou substituí-las por outras normas mais reais e convincentes
para serem praticadas ao nível da razão e não ao nível
transcendental como até agora tem sido. O homem mais devia ser devoto
ao próprio homem, pois, só a ele tem acesso indubitável.
Nele, fácil de ser auferida é a sua soma de possibilidades. Relegar
o homem a uma subserviência duvidosa nunca manifesta objetivamente em
sua razão, apenas tem servido para iludi-lo com a premissa dele não
ser responsável pela própria ascensão, dependente de obediência
e de devoção ao que não pode ver nem ouvir e estando em
outro reino inacessível a ele enquanto vivo. Esse fato, psicologicamente
tem afetado o homem levando-o a se descuidar de si e de sua evolução
que lhe é própria para empreender, sem os meios hipotéticos
do mundo invisível acreditado por ele.
Enganado e então conformado com a inferioridade de suas
possibilidades para sozinho se elevar a níveis superiores de consciência,
aqui entendida como espiritualidade, o homem se deixa armazenar por teorias
apenas faladas e repetidas, mas, nunca provadas. Elas são para a fé
se sobrepor à razão e vencê-la. Desprezando a razão
para confronto com a realidade, o homem mais se predispõe a mercê
de um viver desvairado sem assim se perceber. A humanidade convive com muitos
desvarios, mais ou menos, tornados “oficializados” entre todos os
receptivos deles, esquecidos de suas razões para poder avaliá-los
como inexeqüíveis, inviáveis. Se o homem fosse mais devoto
ao homem, resgatando sua importância e potencialidade, só elas
sendo a realidade alcançável nesta existência, deixaria
de ser vítima das “realidades” inacessíveis, inoperantes
então. Sua mente esvaziada das possibilidades apenas hipotéticas,
mais contribuiria com um viver unificado para reconhecer os valores que lhe
sejam discerníveis, portanto, reconhecidamente aplicáveis no seu
viver. Liberto de sugestões duvidosas, o homem deteria em sua consciência
o poder de sua razão e na prioridade dela abasteceria a sua mente com
conteúdos prováveis. Desprovido de improbabilidades, mais íntegro
então, o homem sente mais prazer em conviver consigo mesmo. É
mais contente com a sua situação mais autêntica, sem a necessidade
de ocupações triviais desnecessárias para se esquecer nelas.