Cerca de seis séculos antes de Cristo nasceu um príncipe
indiano de nome Siddhartha Gotama. Criado no luxo e tendo recebido a educação
de um príncipe, ele se casou e teve um filho. Dotado de natureza contemplativa
e de compaixão, não conseguiu desfrutar dos prazeres de uma existência
material que a realeza de sua morada favorecia. Não conhecera desgostos,
mas, sentia muita compaixão pela condição de sofrimento
da humanidade. Vivendo no luxo e no conforto se deu a perceber da dor do mundo.
Com toda a fartura e facilidade de entretenimentos, o palácio perdeu
seu encanto, não mais sendo um lugar apropriado para um príncipe
desperto para a compaixão. Desgostoso da vaidade das sensualidades, aos
vinte e nove anos de idade, ele renunciou a todos os prazeres mundanos e com
uma veste amarela simples de asceta (aquele que se dedica a exercícios
de oração, meditação, mortificação
do corpo e etc., que visa à conquista das virtudes espirituais), sozinho
pôs-se a vagar em busca da verdade e da paz.
Naqueles dias se acreditava que a libertação
só poderia ser alcançada se o indivíduo praticasse um rigoroso
ascetismo e ele exageradamente praticou-o de todas as formas. Em vigílias
cada vez mais longas e penitências cada vez mais severas, seus esforços
sobre-humanos duraram seis anos. Seu corpo foi reduzido a quase apenas pele
e osso. Quanto mais se torturou mais sua meta se afastou. As dolorosas austeridades
que contra si praticou, comprovaram-se totalmente inúteis. Por experiência,
entendeu a futilidade da automortificação que enfraquecera seu
corpo. Aproveitando dessa experiência, decidiu seguir um rumo independente,
evitando os dois extremos: autogratificação e automortificação.
O primeiro retarda a evolução espiritual e o segundo enfraquece
o intelecto. O novo rumo que ele descobrira era o “caminho do meio”.
Numa manhã enquanto ele estava absorto numa profunda
meditação, sem ser auxiliado por qualquer poder sobrenatural,
exclusivamente dependendo de seus próprios esforços e de sua sabedoria,
eliminou todas as impurezas e purificou-se. Percebendo as coisas como elas são
realmente, atingiu a iluminação aos trinta e cinco anos de idade.
Desde então, dedicou sua vida a servir a humanidade, sendo assim, bem
sucedido por quarenta e cinco anos e como qualquer ser humano faleceu aos oitenta
anos. Buda, nenhuma insinuação deixou para que fosse considerado
um ser divino imortal, porém, nunca houve um instrutor “tão
sem divindade como o Buda, e, no entanto, tão divino”. Como homem
ele alcançou a iluminação e anunciou ao mundo as possibilidades
latentes do poder no e do homem, para separá-lo do sofrimento. Ao invés
de colocar um Deus Todo-poderoso e invisível acima do homem, controlando
o destino da humanidade e mantendo-a subserviente a seu poder supremo, o Buda
elevou a dignidade do ser humano. Ele ensinou que sozinho o homem pode alcançar
a libertação da prisão de sua ignorância e a purificação
por seu próprio esforço sem depender da pueril mediação
de intermediários, levando-o a se deixar conduzir por um poder transcendente,
portanto... Abstrato.