Estamos habituados a viver sob sugestões como: compareça
lá, seja como um de nós e etc. Nossa prerrogativa de direito da
verdadeira democracia favorece-nos a contrariar o que nos é sugerido.
Não existe obrigatoriedade para pertencermos a quaisquer facções
tidas como provedoras do nosso bem estar psicológico ou espiritual. Lembrando,
para o ser humano adquirir os seus valores e poder transpassá-los para
outros, primeiro é preciso conceituá-los, compreendê-los
e comprová-los. Na prática, só o que conceituamos são
de utilidade. Nada do que ainda não conhecemos e vivenciamos, tem qualquer
valor para nós, aliás, não nos existe porque, não
podemos conceituar o que não conhecemos e não vivenciamos. Para
que algo seja para nós, temos de entendê-lo, isto é, conceituá-lo
para sua aplicação na vida. O que se imagina existir sem poder
ser transferível para a compreensão igual de outros ou é
para cada um mentalizar como quiser ou puder aquilo que se imagina existir,
isso, é abstração.
No mundo, a abstração mais popular entre os seres
humanos, deriva da palavra Deus. Como conceituá-lo?Alguém escreveu:
“Deus é diferente para diferentes homens e para o mesmo homem em
ocasiões diferentes”. Não é motivo para alguém
se zangar quando ouve dizer que Deus é abstração. Basta
provar que não é, conceituando-O de uma maneira irrefutável,
igualmente realizável para todos.
Krishnamurti escreveu em seus livros estas frases:
“Nenhum livro nem instrutor pode apontar o desconhecido.
Não precisamos depender de ninguém”.
“Percebo, também, que meu problema não
é achar Deus porque não sei o que isso significa. Posso ter lido
uma infinidade de livros sobre o mesmo assunto, mas esses livros são
meramente explicações, palavras, teorias sem realidade alguma
para a pessoa que nunca experimentou aquilo que está além da mente.
E o intérprete, não importa quem seja ele, é sempre um
traidor”.
Muitas outras abstrações são usadas por
muita gente. Os amuletos, por exemplo, deveriam ter nome feminino como “as
muletas” para os aleijados das realidades.
Enfim, neste mundo tão conturbado, viver com a realidade dele, sendo
ela muito cruel para os utópicos do “algum dia virá à
paz entre os homens de boa vontade”, enquanto ela não vem, as abstrações
funcionam como bálsamo. Digamos, de passagem, algumas abstrações
são tão atraentes, tão eloqüentes que nem mesmo um
guru seria capaz de imaginá-las. Comparando abstração e
realidade, qual é a melhor? A primeira é claro! Ela é mais
simpática, mais contagiante. A segunda é desagradável,
é um desmancha prazer e lucro. Ah! Mudando de assunto, meu pai de santo
falou que me fizeram mal através de um despacho e para desfazê-lo
preciso comprar alguns apetrechos para ofertar aos espíritos que vão
me proteger. Depois retornamos.