12/01/2011Diabetes nas crianças IINoticias
Do diagnóstico ao dia a dia.
9/1/2011 - ADVALI
Bernard van de Meene
Eliane van de Meene
O diagnóstico do diabetes na criança é um grande impacto na vida de toda família. Nesta fase inicial, os pais experimentam grande abatimento e ansiedade frente às mudanças que começam a ocorrer com o início do tratamento e suas novas imposições, como o planejamento alimentar, o exercício físico e principalmente o uso de insulina injetada, que para muitos pais e filhos é a tarefa mais difícil.
Neste momento é muito importante os pais não esquece-rem que, em primeiro lugar, seu filho é uma criança e precisa crescer física e emocionalmente como toda criança e, só depois, que é uma criança com diabetes. A forma como a família encara a situação afetará profundamente a maneira do diabético aceitar e controlar seu diabetes. É um desafio que a família deve enfrentar unida, se todos se adaptarem às mudanças necessárias ao melhor ajuste para a condição da criança, maior será o sucesso do controle do diabetes e todos serão beneficiados com um estilo de vida saudável.
Os pais devem compartilhar os cuidados de seu filho, assim como seu tratamento. Nunca se mostrar indiferentes a ele.
Quanto maior for o conhecimento da criança sobre diabetes e sobre seu plano individual de tratamento, menor será a dificuldade para cumpri-lo e, quanto mais os pais aprenderem sobre diabetes, mais poderão ajudar seu filho. É natural que os pais sintam uma grande preocupação pela saúde de seu filho, porém é deles a responsabilidade para que ele aceite sua disfunção com o menor nível de estresse possível. O diabetes é uma disfunção endócrina causada por diversos fatores e não um castigo. Os sentimentos de culpa e ressentimento só ocasionarão problemas entre o casal e a criança. Se realmente desejam ajuda-la, devem superar esses sentimentos e aprender técnicas distintas para o melhor cuidado e controle do diabetes.
Os pais que estão sempre atentos, que sabem como agir se mantêm tranqüilos e tolerantes, ajudarão muito no seu tratamento adequado. É difícil para a criança ou o jovem entender e aceitar o diabetes, assim como a importância que tem os pais em participarem do seu tratamento desde o início. Quando falarem com seu filho sobre o diabetes, este pode ter reações negativas, erradas, falsas ou catastróficas. Por esse motivo, dê a ele a oportu-nidade de expressar seu conhecimento sobre o diabetes, permitindo que demonstre seus, medos, tristezas, ansiedades preocu-pações, dúvidas, fantasias, etc.
A auto-estima e a imagem que seu filho tem de si mesmo podem ficar prejudicadas pelo diabetes. Sejam compreensivos e estejam sempre dispostos e alertas para dar apoio. Procurem não provocar ansiedades desnecessárias (ao fazer trocas com a comida, por exemplo), isto pode induzir a sentimentos de culpa ou faze-lo sentir-se mal. As crianças que acreditam estar mal provavelmente se comportarão como se sentem. É preferível ter um enfoque positivo diante do diabetes procurando sempre enfatizar as possibilidades do tratamento e da melhora dos sintomas.
Evitem superproteger o diabético nos conflitos com os irmãos com um tratamento desigual. Não fomentem conflitos secundários negativos ao fazer do diabetes de seu filho, o cen-tro de atenção familiar.
A maturidade, a independência, o autocontrole e a auto-estima de seu filho irão aumentar à medida que ele aprende como controlar o diabetes por si mesmo. Os pais devem aprender a proteger o filho e a supervisioná-lo sem ser dominantes e devem incentivar sua auto-suficiência. Trabalhem junto com seu filho para terem um bom controle, porém não esqueçam que nem sempre é possível terem um controle ideal.
A criança deve entender que o bom controle do diabetes trará benefícios para seu futuro. Ela deve ser a parte ativa em seu tratamento, ao selecionar dietas suplementares para os dias de exercícios, fazer auto análise da glicemia e auto aplicação da insulina. Estimulem a participação ativa da criança em seu próprio cuidado, isto a tornará independente e auto-suficiente. Seu filho deve participar do seu autocontrole, dê-lhe liberdade para escolher entre diversas opções, escolher o lugar onde se aplicará a insulina e o dedo do qual se obterá a gota de sangue para análise.
Estejam sempre atentos de que ele cumpra com o controle do nível de glicose e de o lembrarem no caso de se esquecer, mas cuidado quando se referirem aos níveis de glicose, não usem a palavra “bom” ou “ruim”, é melhor dizer que o nível de glicose está baixo, alto ou normal.
O nível alto de glicose (acima de 7% na Hemoglobina Glicosilada) representa um risco para a saúde do diabético. Conscientize seu filho. Consulte o seu médico e apoie-se nas normas oficiais de níveis de glicose e procurem evitar que tenha hipoglicemias severas, já que estas podem trazer repercussões em seu desenvolvimento intelectual.
Os adolescentes podem agir como se não tivessem diabetes, ignorando seus tratamentos (sobretudo a dieta) e falsificando os resultados do monitoramento de sua glicemia. Às vezes, infelizmente, é necessário que ele sinta, por experiência, o quão doente pode chegar a ficar, antes de aceitar a importância do controle.
Estejam atentos a qualquer alteração de peso e, de maneira especial, aos seus hábitos alimentares (jejuns prolongados, ingestão excessiva de alimentos em curto espaço de tempo, ou provocação de vômito), já que estes podem estar associados a problemas emocionais que esteja tendo.
O valor emocional de se relacionar com outras crianças é muito importante. Procurem que conheça pessoas com diabetes que levam uma vida plena e feliz, porque isto o ajudará enor-memente. É importante incentivar a busca de outros apoios, como junto aos seus amigos. Incentive a sua participação em grupos de adolescentes com diabete, isto oferecerá uma excelente oportunidade para compartilhar dúvidas e problemas com outras pessoas da mesma idade, com as quais não tem laços familiares e que tenham a mesma disfunção.
É importante instruir os professores e responsáveis por seu filho na escola, sobre a atenção básica necessária a uma pessoa diabética.
O diabetes não é razão para deixar de participar da educação física, ou deixar de praticar esportes. Pelo contrário, o exercício físico regular é importante para o controle e cuidado do diabetes. Motive-o à praticar esportes, dê preferência aqueles que não tem contato físico, tais como: natação, vôlei, ciclismo, tênis de mesa ou de campo, aeróbicos, danças etc. Para participar de atividades físicas de maior intensidade é preciso ajustar sua insulina e/ou sua alimentação. Para isso é necessário consultar um médico especialista.
Incentive seu filho adolescente em algumas ocasiões a ir sozinho ao médico ou ao educador de diabetes. Isto melhorará sua autoconfiança. Não importa a idade de seu filho; aceitem-no, amem-no, disciplinem-no e guiem-no da mesma forma que fariam se ele não tivesse diabetes. Não o superprotejam ou o mimem. Aceitem o diabetes de seu filho sem culpar a si mesmos. Procurem aprender o máximo possível sobre diabetes. Isto ajudará a vencer medos e ansiedades. As evoluções da medicina e da ciência fazem vislumbrar, em um futuro próximo, um convívio bem mais fácil com o diabetes e possivelmente até a sua cura, porém é preciso que o diabético esteja bem para usufruir desta evolução.
Fonte : http://www.advali.com.br/pais.aspx