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Vivendo bem com o diabetes

Depois que você teve o diagnóstico de diabetes, o tratamento deve conseguir: mantê-lo livre de internações, mantê-lo em boa saúde e sentindo-se bem, permitir fazer coisas que pessoas de sua idade usualmente fazem, viver uma vida longa, operante e feliz, e permitir crescer e desenvolver-se normalmente.

Para conseguir isso você, sua família, seus amigos e companheiros devem aprender a cuidar de seu diabetes; quanto mais pessoas se interessarem para ajudá-lo, melhor!

Uma pessoa com diabetes motivada pode levar uma vida praticamente igual à de um não diabético, impedindo o aparecimento das complicações agudas e, pelo menos, postergando o aparecimento das complicações crônicas, que só deverão aparecer na idade em que aparecem nos não diabéticos.

O portador de diabetes tem a sorte de ter um tratamento eficiente, composto de nutrição, exercícios físicos, insulinas com diversas formas de aplicá-las e/ou diversos hipoglicemiantes orais, educação por equipes multidisciplinares e o aconchego e proteção de participarem de Associações de Diabéticos e o que elas podem lhe oferecer para ter uma vida saudável. Tanto assim que existem ganhadores da Victory Medal, da Clínica Joslin, de Boston, USA, uma das maiores clínicas para diabetes do mundo.

Eu mesmo ganhei a de 50 anos; para tanto, fiz diversas determinações de glicosúrias e passei mais de 22 anos de minha vida pesquisando glicosúrias em todas as micções que fazia, com reativo de Benedict, que precisa de fervura para haver uma reação com as quatro gotas de urina, desenvolvendo cores diferentes de acordo com a quantidade de glicose na urina.

Hoje dispomos de tiras reagentes para auto-monitorização (controle domiciliar), que são testes simples e rápidos para a avaliação dos níveis de glicemia, de cetonemia, de frutosamina, de hemoglobina glicada, de glicosúria e de cetonúria.

Incentivador do bom controle do diabetes lancei as placas: VITÓRIA PARA O HOMEM E A MEDICINA para 25 e 50 anos de diabetes sem complicações, da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) em setembro de 1997, no X Congresso Brasileiro de Diabetes em Porto Alegre. Foi ótimo ver muitos diabéticos, alguns pacientes meus, se emocionarem com a merecida homenagem. Esta cerimônia repetiu-se no XI e no XII Congressos Brasileiros de Diabetes, e no último foi feita durante a realização da Cidade dos Diabéticos, que acolheu 1.800 diabéticos e seus familiares. Emoções em cima de emoções, ver muitos diabéticos vencendo o preconceito e transformando o diabetes de doença em companheira.

Para se conseguir que os diabéticos vivam bem e adiram a seus tratamentos, deve-se motivá-los, descobrindo seus interesses e necessidades; as necessidades primárias são o ar, a água e a comida. As necessidades secundárias são adquiridas por influência do meio, da cultura, dos modelos com quem convivemos. Podemos viver sem a satisfação das necessidades secundárias, mas a vida não será tão agradável.

Muitas vezes fugimos da ansiedade por intermédio de algumas dessas necessidades secundárias, por exemplo, jogar tênis, futebol, dançar, ver um filme.

Segundo Maslow, autor americano, as pessoas são motivadas por cinco tipos de necessidades que formam uma pirâmide: as bases são as fisiológicas, depois as afetivas, depois as de segurança, as de auto-estima e, no topo, as de auto-realização.

Daí vemos que a auto-realização só existe quando as necessidades de suporte são preenchidas. Para que o tratamento se torne efetivo, com a participação do cliente e dos familiares, é preciso descobrir com eles tais necessidades, ativando as de níveis mais elevados, obtendo um autoconhecimento que conduza ao bem-estar.

Os grupos terapêuticos fornecem relacionamentos afetivos gratificantes; as pessoas apóiam-se umas nas outras em atividades que cada uma acredita ser de benefício mútuo: cada elemento tem sentimento de aceitação e participação, produtos necessários de cooperação. A discussão de problemas comuns encoraja cada um a tentar corrigir falhas existentes. Conta-se que um mago retirou-se para uma choupana no meio da floresta para descansar e escrever. O jornal local notificou que o grande curador estava retirado, dando o seu endereço; uma grande multidão dirigiu-se para lá e acordaram o mago, querendo um milagre para seus males. Ele disse que tudo bem, desde que os presentes prometessem que iam impedir que outros retirantes viessem atrás dele. Prometeram. Ele pediu que todos escrevessem numa folha de papel seus principais problemas; pegou a cesta, misturou todos os papeis dobrados e que cada um retirasse um papel da cesta, só que não poderia ser o seu próprio, e que lessem o que estava escrito. Todos voltaram para seus lares aliviados, pois leram que os problemas dos outros eram, quase sempre, piores do que os deles mesmos.

Assim é numa reunião de uma associação de diabéticos: os problemas diminuem quando confrontados com os da massa.A automotivação significa o comportamento desenvolvido por iniciativa própria. É o diabético consciente que segue seu tratamento por achar que o equilíbrio de seu diabetes é essencial a seu bem-estar biopsicosocial. Para conseguir isso o diabético deverá sentir: recompensa pessoal segurança quanto ao resultado conhecimento total da doença e de seus fatores intervenientes aceitação pelo grupo a que pertence auxílio e orientação sempre que necessários orgulho do que faz não sentir críticas destrutivas, falta de relacionamento, massificação das prescrições e insuficiente valorização pelo esforço que faz.

As equipes de saúde devem se preocupar em tentar sempre motivar seus pacientes, descobrindo e fortalecendo as forças realizadoras de seus inconscientes! Lembre-se: viver com o diabetes é um pouco mais difícil, mas lidar com suas complicações crônicas, certamente, é bem pior. O bom controle evita as complicações e permite uma vida saudável.


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