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05/09/2009
Diabetes: As insulinas

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4/9/2009 - Blog da Obesidade

Um dos maiores medos do diabético é iniciar o uso de insulina. Muitos não sabem que o emprego de insulina é relativamente recente – só em 1921 ela começou a ser extraída, no Canadá.Até aquela época, o diabetes mellitus tipo 1 (DM1) era uma doença rapidamente letal em grande parte dos casos. A insulina transformou o DM1 em uma doença crônica.

Muito se evoluiu ao longo destes quase cem anos. Processos de purificação, adição de sais, até o emprego de engenharia genética facilitaram o tratamento do diabético.

Hoje não há mais duvida de que o tratamento intensivo do diabetes é capaz de reduzir muito a incidência de complicações nos rins, na visão e nos membros. Antes de falar sobre as diferentes insulinas no mercado, é preciso explicar como funciona a insulina no indivíduo normal.

Determinadas células do pâncreas – as células beta – atuam como verdadeiros sensores de glicose, produzindo e liberando insulina conforme a necessidade . No jejum, uma pequena quantidade de insulina previne que o fígado libere os seus estoques de glicose para a circulação. Após as refeições, em minutos são fornecidas grandes quantidades de insulina, de modo a manter a glicemia dentro de um estreito limite – raramente ultrapassando 140mg/dL.

Não é fácil reproduzir a agilidade e a flexibilidade da célula beta com insulinas injetáveis. É preciso manter uma mínima concentração constante de insulina, cujo exagero levaria à hipoglicemia. Por outro lado, doses insuficientes à refeição conduzem à hiperglicemia. Não é à toa que diabéticos bem controlados exibem maiores taxas de hipoglicemia.

AS INSULINAS

NPH
Desenvolvida em 1946, a NPH é distribuída gratuitamente pelo SUS. Pode ser usada isoladamente ou misturada com insulinas rápidas. Apesar de se prestar ao uso como insulina basal (controlando os períodos fora das refeições), possui varias limitações.
Apresenta grande variabilidade na absorção, além de desencadear um indesejável pico de insulina no sangue após cerca de 6 horas, capaz de provocar hipoglicemias. A duração total de ação varia de 13-16h, demandando frequentemente duas ou até três aplicações por dia. Sua solução se precipita em repouso – é preciso homogeneizar suavemente antes de cada aplicação.


DETEMIR (Levemir®)
A insulina detemir apresenta maior duração de ação e menor variabilidade na sua absorção. O pico de insulina provocado é menor que o da NPH, reduzindo o risco de hipoglicemia. Especula-se ainda que a detemir esteja associada a menor ganho de peso se comparada a outras insulinas.
Sua duração é de 20 horas, porem a redução de seu efeito após 10-12 horas faz com que grande parte dos pacientes precise de duas aplicações diárias. A detemir só é dispensada pelo SUS em casos especiais ou por vias judiciais.

GLARGINA (Lantus®)
Lançada há menos de dez anos, a glargina atualmente é o análogo de insulina com maior duração de ação: 22 horas em média. Sua absorção é mais previsível que a da NPH e não provoca pico, o que minimiza a chance de hipoglicemia.
Por possuir um pH diferente, a glargina não pode ser misturada com outras insulinas na mesma aplicação. É a mais cara das insulinas e só é dispensada pelo SUS em casos especiais.

INSULINA REGULAR
Foi a primeira insulina a ser utilizada. Seu início de ação ocorre 30 a 60 minutos após a administração subcutânea. Deste modo, o paciente precisa aplicá-la 30 minutos antes da refeição. Atrasos para se alimentar ou consumo de menos carboidratos do que o previsto frequentemente levam à hipoglicemia. Seu pico se dá em 2-3 horas, com duração total de 6-8 horas (a depender de uma variável absorção). É fornecida pelo SUS.

LISPRO, ASPART E GLULISINA
As insulinas lispro, aspart e glulisina são análogos de insulina com ação ultra-rápida. Sua ação começa em 5-15 minutos, permitindo aplicação imediatamente antes da refeição e obtenção de maior pico sanguíneo.
Para crianças pequenas ou idosos com doenças neurológicas pode ser impossível prever quanto o paciente vai comer. Nestes casos, os análogo ultra-rápidos podem ser aplicados ate mesmo logo após a refeição.
A duração de ação destes análogos é mais curta (4-6 vs 6-8 horas) quando comparadas à insulina regular, o que minimiza a ocorrência de indesejáveis hipoglicemias (ocasionalmente ainda há insulina regular circulando quando todo o alimento já foi absorvido)

NOVOS HORIZONTES
A insulina inalável foi retirada do mercado em 2007 sob o argumento de que fora um fracasso comercial. O boato que circula no meio endócrino, todavia, é de que poderia no futuro aumentar os riscos de câncer de pulmão – um forte motivo para tão rápida suspensão de sua produção.Há pesquisas razoavelmente avançadas com insulina na forma de spray oral. Os brasileiros, que estão entre os pacientes com maior prevalência de fobia por agulhas no mundo, agradecem.

Dr. Eduardo Quadros Araújo
Salvador, BA, Brazil
Graduado em Medicina pela UNICAMP. Residência em Clínica Médica e Endocrinologia no HC-FMUSP-SP. Título de Especialista em Endocrinologia e Metabologia pela SBEM-Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Consultório: 71-2108-4778

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