Pesquisadores franceses divulgaram esta semana um estudo no qual desvendam o mecanismo de duas proteínas que, juntas, podem ultrapassar a placenta, atingindo o feto. O resultado dessa invasão é uma doença infecciosa chamada listeriose que, em grávidas, pode causar partos prematuros e abortos espontâneos mesmo quando os antibióticos são administrados da forma correta.
No trabalho, divulgado na edição desta semana da revista “Nature”, os cientistas usaram camundongos a fim de decifrar o mecanismo molecular de cada uma das proteínas, descobrindo desta forma como se comportam.
Com os resultados publicados, eles apostam no desenvolvimento de moléculas inibidoras que possam ser usadas em terapias preventivas no futuro.
Raríssima
De acordo com o especialista em medicina fetal Thomaz Gollop, a listeriose, que já foi preocupante no Brasil nas décadas de 60 e 70, não é mais um problema de primeira ordem. Além de raríssima, a doença não faz mais parte, segundo ele, sequer da investigação em casos de abortos seguidos no país. “Na espécie humana essa doença já não tem a menor importância. Não é motivo de preocupação”, diz Gollop.
Entre as doenças infeccionas que merecem atenção pelas implicações sérias que podem causar durante a gestação, o especialista alerta sobre a toxoplasmose. O mal é transmitido por ovos de um protozoário que se instala nas fezes de gatos contaminados. Esses cistos poluem o ambiente e contaminam quem por lá circula, ainda que não haja contato direto. “Essa sim é uma doença preocupante no Brasil e que pode causar danos ao feto como má formação do sistema nervoso, infecções e problemas na retina, por exemplo”, explica.