É possível conviver com ambos em harmonia. Especialistas dão dicas de como fazer isto. Ao entrar na menopausa, milhares de questões permeiam a mente de uma mulher. Para aquelas que têm diabetes, somam-se mais perguntas. É possível conviver com a doença e também com todas as mudanças hormonais? A resposta é sim. Mas é preciso cuidado redobrado.
Estudos mostram que, ao entrar na menopausa, as mulheres com diabetes ficam mais vulneráveis a doenças coronárias. Isso ocorre porque, quando para a menstruação, cessa também a produção de estrógeno, hormônio que funciona como uma proteção natural para o coração.
“Mulheres diabéticas, independentemente da menopausa, têm risco quatro a seis vezes maior de desenvolver doença cardiovascular”, diz a endocrinologista Márcia Silva Queiroz, do Departamento de Diabetes e Menopausa do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo.
O primeiro passo é cuidar da alimentação: diminuir gorduras e frituras e consumir mais frutas e verduras.
De acordo com a endocrinologista Ana Hoff, assessora médica do Fleury, o cigarro deve ser banido da vida da mulher diabética, pois agride as artérias. “Além disso, as mulheres fumantes entram na menopausa cerca de dois anos antes. E a menopausa precoce provoca maior risco de doença coronária”, afirma Ana.
A alimentação equilibrada associada à atividade física ajuda a controlar a diabetes, melhora a disposição, a aparência e, de quebra, levanta a auto-estima. “Uma alimentação saudável e prática regular de atividade física são importantíssimos para manter ou reduzir o peso corporal, conservar o bem-estar emocional e condicionar a musculatura do coração, tornando-o forte e saudável, além de ajudar a controlar o colesterol e a hipertensão”, diz Márcia.
A atividade física deve ter no mínimo uma hora de duração e ser realizada pelo menos três vezes por semana. O ideal é aliar as práticas aeróbicas como corrida, caminhada e natação, com exercícios de flexibilidade e de resistência muscular localizada. “Como na menopausa ocorre uma perda de massa óssea, é importante realizar também exercícios de resistência, como musculação ou Pilates, que também trabalha a postura”, ressalta Ana.
Na menopausa algumas mulheres fazem a Terapia de Reposição Hormonal, ou TRH. No entanto, ela deve ser muito bem avaliada. “Qualquer recomendação precisa ser individualizada”, observa Paola Emanuela Smanio, cardiologista do Fleury. “Os sintomas da deficiência de estrógeno são mais importantes no começo da menopausa, vão diminuindo de intensidade e desaparecem em três ou quatro anos. Portanto a recomendação principal é iniciar o quanto antes uma mudança de hábitos e avaliar bem os riscos antes de começar uma reposição hormonal”, explica Ana.
Atualmente é possível prevenir ou mesmo retardar o surgimento e a evolução das complicações secundárias do diabetes, que podem afetar vários órgãos, como os olhos, os rins e os nervos. Além das taxas de glicemia, é importante controlar a pressão arterial e o colesterol sanguíneo. No caso da relação diabetes/menopausa, o ideal é que ocorra uma interação entre os profissionais que acompanham a mulher: ginecologista, endocrinologista e cardiologista. “É preciso uma avaliação conjunta. Hoje a Medicina é baseada em prevenção. A mulher tem uma expectativa de vida maior, mas precisa ter qualidade de vida”, destaca Paola.
É essencial que a mulher com diabetes controle adequadamente a glicemia, evite o ganho de peso, principalmente quando relacionado ao aumento da cintura, faça atividade física regularmente, não fume, controle os fatores ed risco para doenças cardiovasculares, como hipertensão, dislipidemia (aumento anormal da taxa de gordura no sangue).
E depressão, faça avaliação cardiovascular e trate a doença coronária, caso ela exista, avalie com o médico se há indicação de fazer Terapia de Reposição Hormonal.