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13/05/05
Sp usa a nova técnica com célula-tronco

Após Porto Alegre e Recife, Ribeirão Preto utiliza células-tronco adultas para recuperar lesões em nervos periféricos

As primeiras cirurgias de nervos periféricos utilizando células-tronco adultas no Estado de São Paulo foram realizadas ontem no Hospital Especializado, em Ribeirão Preto. Três pacientes foram atendidos. A primeira cirurgia com essa técnica foi realizada em fevereiro deste ano em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. As células-tronco aceleram o processo de regeneração dos nervos periféricos em um terço - sem elas, o nervo cresce apenas um milímetro por dia, dentro de um tubo de silicone implantado pelos médicos como ponto entre as extremidades lesionadas. "Minha esperança (de recuperação) é grande", disse a professora Maria Aparecida de Oliveira Penteado Benini, de 45 anos, de Araraquara, que em janeiro teve a mão esquerda e o antebraço esmagados num acidente de carro. Após o acidente, com perda óssea, vascular e nervosa, ela recebeu conselhos para amputar o braço. Somente na semana passada ela soube que a equipe medica do Hospital Especializado iria usar a nova técnica cirúrgica. As células-tronco foram retiradas em uma punção da medula óssea dos três pacientes, pela manhã, e levadas ao Banco de Sangue do Hospital São Lucas para que fossem isoladas e preparadas para serem injetadas nos tubos já implantados. Maria Aparecida ficou quatro horas na mesa de operação. No caso dela considerado complexo para os médicos, foram usados cinco tubos de silicone, cilíndricos e ocos, para ligar as extremidades dos nervos lesionados. Já a estudante Tatiane Cristina Martins, de 16 anos, de Descalvado, que a cerca de um ano sofreu uma lesão na mão direita durante um acidente domestico com um pedaço de vidro, precisou de apenas uma hora, assim como o motorista Edinei Viruel Sarbo, de 30 anos de Araraquara, que sofreu uma lesão na mão direita ao mexer em fogos de artifício. Os pacientes ficarão um ou dois dias internados e de três a quatro semanas com o membro operado imobilizado. O tempo de recuperação do nervo dependerá da idade do paciente, do local da lesão, do tamanho da perda da substancia e da distancia que o nervo terá de percorrer até a outra extremidade. Esse procedimento permite a diminuição da perda da sensibilidade ou dos movimentos. "Com a técnica convencional de enxerto, chega-se a obter de 80% a 90% de recuperação de sensibilidade ou força motora, mas, muitas vezes os resultados são bem piores", explica o médico Salomão Zatiti. O cirurgião Mauri Corte, que participou ontem das operações em Ribeirão Preto, e é membro da equipe que testou o método no Recife, disse que uma comissão de especialistas deve se reunir em 15 dias com o ministro da Saúde, Humberto Costa, para reivindicar investimentos e sensibilizar o ministério a criar centros de atendimento de urgência que utilize a técnica em capitais e em hospitais públicos, com profissionais credenciados e remunerados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo ele, seria uma maneira de evitar que as vitimas de acidentes de trabalho (40% dos acidentes ocorrem nas mãos) não apresentem seqüelas, além de permitir ao governo economizar com os acidentados, custo que pode atingir R$ 2 bilhões por ano, segundo o médico.

O Estado de São Paulo

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