O medicamento Avandia, largamente usado em todo o mundo para o controle da diabete tipo 2 (a mais comum), pode aumentar o risco de ataque cardíaco e, possivelmente, de morte.
O alerta foi feito ontem por um grupo de cientistas em artigo divulgado no New England Journal of Medicine.
Nos Estados Unidos, cerca de 1 milhão de pessoas tomam o remédio para manter a taxa de açúcar no sangue em níveis seguros. No Brasil não existe esse levantamento, mas a farmacêutica GlaxoSmithKline, que produz a droga, diz que no País foram vendidos em 2006 cerca de 6 milhões de comprimidos.
De acordo com o levantamento, o Avandia aumenta o risco de ataque cardíaco em 43% e pode aumentar o risco de morte em 64%. “Esses dados são muito preocupantes”, disse Steven Nissen, da Clínica Cleveland, que conduziu a pesquisa.
Ele e os demais cientistas que fizeram o levantamento orientam os pacientes que tomam o remédio a procurar seus médicos para checar se há necessidade de trocar a medicação. “O propósito de tomar essa droga é prevenir um ataque cardíaco, mas os dados indicam que ela na verdade aumenta o risco”, comenta Bruce M. Psaty, da Universidade de Washington, co-autor de um editorial que acompanha o estudo.
No final do texto, os pesquisadores convocam o FDA, agência que regula drogas e medicamentos nos EUA, a tomar alguma atitude em resposta, seja divulgando um alerta sobre a segurança da droga seja retirando-a do mercado.
Em rápida conferência com a imprensa por telefone, funcionários do FDA afirmaram que têm avaliado a segurança do medicamento, mas que os dados conflitantes não mostraram sinal de perigo, o que tornaria prematura a tomada de uma decisão neste momento.
No entanto, a agência deve convocar um painel de especialistas para reavaliar os dados. Enquanto isso, também recomendou que os pacientes consultem seus médicos, em especial aqueles que já apresentam algum risco de ataque cardíaco. No Brasil, a Anvisa também se prontificou a avaliar o novo estudo antes de fazer qualquer pronunciamento.
Em comunicado oficial, a Glaxo informou que “discorda enfaticamente das conclusões tiradas no artigo” e diz que ele foi baseado em “evidências incompletas e numa metodologia que o próprio autor admite ter limitações significativas”. E complementa: “A companhia tem total confiança na segurança de Avandia quando usado apropriadamente, e nós acreditamos que seus benefícios significativos continuam a compensar largamente qualquer risco do tratamento.”