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Complicações do Diabetes - Retinopatia
21/8/2011 - Fonte: Diabetes
Quem tem diabetes há algum tempo e procurou informar-se um pouco sobre a doença e suas consequências seguramente já ouviu falar em retinopatia, alteração vascular da retina responsável pelo surgimento de edemas, hemorragias e descolamento da retina que podem levar à cegueira. O tratamento inicial indicado para a retinopatia em estado avançado é a fotocoagulação. O que pouca gente sabe é que, quando a situação se agrava a tal ponto que nem mesmo o tratamento a laser é suficiente para reverter o problema, existe ainda uma alternativa, a da cirurgia, chamada de vitrectomia e que pode, em alguns casos, melhorar a visão comprometida do portador de diabetes.
O oftalmologista Newton Kara José Jr., do Hospital das Clínicas, explica que quando os vasos sanguíneos do olho ficam comprometidos e não conseguem mais irrigar a retina, o organismo cria novos vasos – chamados de neovasos – para exercer essa função. Os neovasos têm paredes frágeis, podem começar a sangrar e o sangue acabar se misturando com o vítreo – líquido transparente que preenche o globo ocular –, tornando a visão opaca ou mesmo criar uma fibrose que poderá causar descolamento de retina. A solução é a utilização do laser, para “matar” parte da retina em sofrimento para que o pouco sangue disponível seja destinado para a parte mais importante da retina.
Muitas vezes o diabético não trata do problema a tempo e chega ao oftalmologista já com perda da visão. Isso ocorre porque houve edema ou sangramento dos neovasos. Em estágio ainda mais avançado, o sangramento pode tracionar a retina, que é uma membrana povoada de células fotoreceptoras na porção posterior do olho. “É como se se puxasse o carpete para fora do assoalho”, exemplifica o médico, acrescentando que esse tracionamento pode até mesmo chegar a rasgar a retina.
Se a tração atinge a região macular, que é a área nobre da retina e, embora represente apenas 10% da área total da retina, responde por 90% da capacidade visual, a visão da pessoa fica distorcida.
A solução para esses casos, quando já ocorreu o sangramento ou até mesmo a tração da retina, é a vitrectomia, ou seja, a retirada do vítreo. A cirurgia é feita com o auxílio de um microscópio e de um instrumento cirúrgico com duas extremidades – uma para iluminação do local e outra para o procedimento cirúrgico em si. Depois de retirado, o vítreo é substituído por uma solução artificial que com o tempo será absorvida naturalmente e substituída pelo humor aquoso – substância que fica na frente do olho.
“Se o problema for exclusivamente a hemorragia e a mácula e a retina estiverem saudáveis, a pessoa pode voltar a enxergar normalmente”, explica Kara Jr.
Se houve tração da retina, a cirurgia pode exigir ainda um procedimento adicional além da retirada do vítreo: a remoção das membranas, numa espécie de peeling, principalmente as da região macular. Pode ser necessário também selar a retina, caso tenha havido alguma ruptura. O oftalmologista explica que a vitrectomia é uma cirurgia delicada mas que, geralmente, se a pessoa que chegou a um comprometimento forte da visão não se operar, a tendência pode ser de piora do quadro.
A operação pode ser feita com anestesia local, mas Kara Jr. prefere a anestesia geral para garantir-se de que o paciente não vai se mexer durante o procedimento, que pode demorar mais do que o planejado de acordo com a evolução da cirurgia. Normalmente, a pessoa volta para casa no mesmo dia e recomenda-se repouso por no mínimo uma semana. Dependendo do caso, o médico injeta no olho um gás ou óleo de silicone para que a retina fique colada no fundo do olho até sua cicatrização. Quando isso acontece, o paciente precisa ficar deitado de bruços, com a cabeça voltada para o chão durante pelo menos duas semanas.
“A recuperação pós-cirúrgica é muito importante porque se a retina sofrer nova tração ou descolar novamente, outra cirurgia fica ainda mais difícil”, explica o médico. Mas se tudo correr bem, a tendência é que a retinopatia diabética fique controlada, porque o meio proliferativo dos neovasos – o vítreo – foi retirado.
“Mas nem por isso o diabético pode facilitar”, aconselha Kara Jr., “porque o olho é um aviso de que a situação ficou séria e dificilmente ele não terá alguma outra consequência do diabetes mal controlado, como a nefropatia ou a neuropatia, por exemplo.”
Fonte : " Diabetes Nós Cuidamos "