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20/07/2023
Colesterol:50% menos

Medicamento injetável de seis em seis meses

Medicamento injetável aprovado pela Anvisa reduz em média 52% do colesterol LDL, apontam estudos

O professor Raul Dias dos Santos Filho diz que a vantagem desse novo medicamento é a diminuição dos casos de infarto do miocárdio, AVC e derrames

Post category:Atualidades / Jornal da USP no Ar / Jornal da USP no Ar 1ª edição / Rádio USP

https://jornal.usp.br/?p=661797

 Publicado: 19/07/2023

Novo medicamento injetável aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), inclisiran, controla o colesterol ruim (LDL), um dos principais fatores de risco por trás de eventos cardíacos. Estudos apontam que com duas aplicações por ano é possível reduzir em média 52% dos níveis do LDL. De acordo com Raul Dias dos Santos Filho, professor do Departamento de Cardiopneumologia da Faculdade de Medicina da USP e diretor da Unidade Clínica de Lípides do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas, o triunfo deste medicamento é facilitar a adesão aos tratamentos contra problemas de colesterol.

“Diferentemente das injeções atuais, chamadas anticorpos monoculares, que são uma maneira de a gente baixar o colesterol, são injetadas a cada 15 dias ou uma vez ao mês, esse novo medicamento vai ter uma posologia muito simples. Na realidade, no primeiro ano são três injeções e, a partir do segundo ano, serão apenas duas injeções, uma a cada seis meses. […] é uma coisa que realmente pode mudar muito a maneira dos pacientes verem o tratamento e facilitar muito a adesão”, explica o professor. 

A quem se destina o medicamento

As estatinas são medicamentos de baixo custo usados comumente para reduzir os níveis de colesterol. No entanto, Santos Filho observa que, apesar desse uso, as pessoas continuam infartando e estudos mostram que é necessário baixar ainda mais o colesterol. Para quem tem problemas do coração, o recomendado é uma grande diminuição do colesterol, em torno de 50% do valor original, quantidade difícil de ser reduzida apenas com as estatinas.

A vantagem desse novo medicamento é a diminuição dos casos de infarto do miocárdio, AVC e derrames. Por isso, o remédio se destina a pessoas que correm esses riscos com mais frequência. “O foco inicial dessa terapia será para pessoas que já tiveram infarto, já tiveram derrame, já operaram o coração, botaram pontes de safena e que persistem com valores inadequados do LDL colesterol”, reforça o cardiologista. Outro público-alvo das injeções são pessoas com problemas genéticos de colesterol que, segundo o professor, são casos extremamente difíceis de colocar o colesterol nos valores adequados.

Atenção ao problema 

Santos Filho explica que as doenças ateroscleróticas – inflamações com a formação de placas na parede das artérias do coração e em outras partes do corpo humano, responsáveis por provocar derrames – geralmente se iniciam na infância e, quando não identificadas nessa época, persistem. A descoberta tardia diminui os efeitos do tratamento. Por isso, uma das formas de prevenção é a conscientização.

O médico alerta que é preciso “ter uma ideia dos riscos cardiovasculares, ter uma conscientização sobre o papel do colesterol, da pressão, da diabete, do cigarro, da obesidade sobre os problemas do coração e começar a tratar, prevenir precocemente desde a infância, ter uma ideia do que é saudável do ponto de vista da alimentação e da importância da atividade física”, recomenda Santos Filho. Outro aspecto é conhecer os históricos familiares e aderir à realização periódica de exames que possam detectar esses problemas. Além disso, o professor recomenda a mudança de hábitos, como a redução de estresse e exposição à poluição, uma vez que a doença cardiovascular é multifatorial.

 


jornal da usp

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