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19/07/2007
Vitamina C não previne resfriados

Estudo mostra que suplemento beneficia quem faz exercício pesado; para a maioria das pessoas, efeito é inócuo.

Os suplementos de vitamina C, que até algum tempo atrás eram a arma principal contra resfriados, na realidade têm pouco efeito, segundo a análise de 30 estudos publicada nesta semana na última edição da revista científica The Cochrane Library. Participaram desses estudos, ao todo, 11.350 pessoas, que tomaram pelo menos 200 miligramas da vitamina por dia.

A menos que se trate de um maratonista ou de uma pessoa que costuma passar muito frio, é pouco provável que as doses suplementares da vitamina - também conhecidas como ácido ascórbico - ajudem alguém a combater os resfriados comuns, disseram cientistas da Universidade Nacional Australiana e da Universidade de Helsinque. Ou seja, a vitamina C não é vacina nem remédio - não previne resfriados, não encurta sua duração nem ameniza sua força.

Os pesquisadores, no entanto, informaram que muitas pessoas submetidas a períodos prolongados de pressão física - como os corredores de longas distâncias, os esquiadores e os soldados em manobras - têm 50% menos de possibilidades de ficarem resfriados se consumirem uma dose diária de vitamina C. Participaram desses estudos cerca de 650 esportistas.

Para a maioria das pessoas, no entanto, o benefício é tão mínimo que não compensa a despesa com o produto. “Não faz sentido consumir vitamina C nos 365 dias do ano para reduzir a probabilidade de um resfriado”, explicou Harry Hemila, co-autor do estudo e professor do Departamento de Saúde Pública da Universidade de Helsinque.

CONSUMO DIFUNDIDO

A vitamina foi descoberta em 1930. Na década de 1970, o químico americano Linus Pauling popularizou seu consumo, com a publicação de um livro intitulado A Vitamina C e o Resfriado Comum, no qual recomendava um consumo diário de pelo menos 1 grama.

Hoje, as autoridades de saúde aconselham um consumo de 60 miligramas. Um copo de suco de laranja, por exemplo, contém cerca de 80 miligramas de vitamina C (veja mais informações no quadro acima).

No Brasil, existem várias marcas de suplementos de vitamina C nas farmácias, vendidos principalmente na forma efervescente.

Apesar das provas de que seus efeitos são mínimos, a vitamina C ainda mantém sua popularidade. “Muita gente, inclusive financiadores destes estudos, quer acreditar que ela dá resultados”, disse Wallace Sampson, professor de medicina da Universidade de Stanford e um dos fundadores da revista Scientific Review of Alternative Medicine.

No entanto, os cientistas prevêem que a vitamina C, em combinação com outras vitaminas e substâncias, pode prevenir e ajudar no tratamento de outras doenças, inclusive o câncer.

“A vitamina C não é uma panacéia, mas também não é absolutamente inútil. Pauling foi otimista demais, mas não estava totalmente errado”, opinou Hemila.

O Estado de São Paulo

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