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21/9/2011 - Fonte: UOL
Pesquisa verificou aumento de seis vezes nos níveis de casos de pancreatite em pacientes que faziam de fármacos do gênero
Duas novas drogas usadas para tratar diabetes tipo 2 podem estar ligadas ao aumento do risco do desenvolvimento de doenças como a pancreatite e o câncer no pâncreas.
Esses medicamentos também podem estar ligados ao aumento do risco do câncer de tireóide. É o que aponta estudo conduzido pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.
Pesquisadores da Larry L.Hillblom Islet Research Center da UCLA analisaram o banco de dados da FDA ( Food and Drug Administration) para eventos adversos relatados entre 2004 e 2009 entre os pacientes usuários de sitagliptina e exenatida. Eles encontraram um aumento de seis vezes nos níveis de casos de pancreatite em pacientes que faziam uso desses fármacos, em comparação com quatro outras terapias de diabetes utilizadas como controle. Eles também descobriram que pacientes que tomaram as duas drogas tinham maior probabilidade de ter desenvolvido câncer pancreático do que aqueles que foram tratados com a outras terapias.
"Nós realizamos essa pesquisa, porque vários estudos em modelos animais, feitos por vários pesquisadores haviam sugerido que esta forma de terapia pode ter ações involuntárias para promover o crescimento dos ductos (tubos) na glândula pancreática que transmitem os sucos digestivos do pâncreas para o intestino", disse o Dr. Peter Butler, diretor do Centro Hillblom e co-autor do estudo. "Esta é uma preocupação pertinente pois se isso acontecer em humanos, poderia ocorrer um aumento do risco de pancreatite e câncer no pâncreas. Por mais que a base de dados do FDA tenha limitações, ela tem vantagens por ser muito grande, abertamente acessível e independente das empresas que comercializam as drogas.
"Tomados em conjunto os estudos com animais e a base de dados do FDA sugerem que mais trabalhos precisam ser realizados para, pelo menos, descartar a idéia de que esta classe de drogas agora amplamente disponível para a diabetes não aumenta o risco de câncer pancreático,"disse Butler, que também é um membro de Jonsson do UCLA Comprehensive Cancer Center.
A Sitagliptina e a exenatide são drogas que aumentam a ação de um hormônio intestinal conhecido como glucagon-like peptide 1 (GLP-1), que tem se mostrado eficaz na redução de açúcar no sangue em indivíduos com diabetes tipo 2. A Sitagliptina, comercializada como Januvia pela Merck & Co. Inc., funciona inibindo a dipeptidil peptidase-4 (DDP-4), uma enzima que degrada o GLP-1. A Exenatida, é fabricada pela Amylin Pharmaceuticals e vendida como Byetta, imita a ação do GLP-1 e resiste à degradação da DDP-4.
Uma pesquisa precedente feita por pesquisadores da UCLA sugeriu que pode haver uma ligação entre drogas que aumentam as ações do GLP-1 e pancreatite, possivelmente resultante de um aumento na taxa de formação das células que revestem os ductos pancreáticos. Essa pesquisa, baseada em estudos em ratos, foi publicada em 2009 no jornal Diabetes.
Além do aumento de seis vezes em casos de pancreatite, os pesquisadores também encontraram uma taxa de 2,9 vezes maior de câncer de pâncreas em pacientes em uso de exenatida e uma taxa de 2,7 vezes maior de câncer de pâncreas em pacientes com sitagliptina, em comparação com outras terapias. Além disso, eles encontraram um aumento estatisticamente significativo no risco de câncer de tireóide entre o grupo exenatida, mas não entre no grupo da sitagliptina.
Os dados da FDA não indicam ligações entre os dois medicamentos para diabetes e qualquer outra forma de câncer.
Os pesquisadores alertam que no banco de dados da FDA há eventos adversos "não é o mecanismo ideal para comparar as taxas de eventos adversos entre as drogas", dada a sua limitações conhecidas, tais como dados incompletos e preconceitos de relatórios. Os estudiosos salientam que mais estudos são necessários.
"Randomizações e ensaios clínicos controlados permanecem sendo o padrão ideal para esse tipo de avaliação", escreveram os pesquisadores.