O retinoblastoma é um tipo de câncer ocular que começa na parte de trás do olho (retina) e afeta principalmente as crianças. Apesar de ser muito rara no Brasil (menos de 15 mil casos por ano), o tratamento daqueles que são diagnosticados pode ter um alto custo. O tumor que "brota" na retina é fatal se não for tratado. No entanto, a quimioterapia pode causar perda permanente da visão, e os pacientes às vezes precisam de cirurgia para remover um ou ambos os olhos.
Mas uma nova pesquisa traz esperança para o tratamento agressivo. Em artigo publicado no periódico científico Science Translational Medicine, os cientistas relatam que um vírus parece combater esse câncer em animais -- e até diminui o tumor em crianças --, sem gerar efeitos colaterais graves. Para os testes em animais, a equipe usou o adenovírus, que normalmente causa apenas infecções respiratórias leves nas pessoas.
Ele foi geneticamente modificado, de modo que só podia se reproduzir dentro de células nas quais a via do retinoblastoma tinha um mau funcionamento. Para determinar se tal vírus seria seguro, os cientistas injetaram nos olhos de coelhos sem o tumor. Os animais sofreram efeitos colaterais como inflamação e acúmulo de líquido nos olhos, que desapareceram em seis semanas.
Além disso, uma pequena quantidade do vírus escapou dos olhos e não pareceu se reproduzir em outros lugares nos corpos dos animais, sugerindo que não causaria danos a outros órgãos. Em seguida, os pesquisadores injetaram o vírus em camundongos com câncer nos olhos. Os olhos dos roedores que receberam o vírus permaneceram duas vezes mais intactos do que aqueles que não receberam tratamento
Pesquisadores começaram um ensaio clínico para testar se o vírus é seguro em crianças com retinoblastoma e que não responderam à quimioterapia ou ao tratamento com radiação. Dois pacientes receberam o vírus até agora. Uma das crianças precisou remover um olho porque seu interior ficou muito nublado para monitorar o tumor. No entanto, a fatalidade ajudou os cientistas a notarem sinais preliminares de que o vírus está atacando os tumores.
Uma análise do olho mostrou que o vírus estava se reproduzindo em algumas células tumorais. Eles não descobriram nenhuma evidência de que o vírus estivesse crescendo em células normais do olho ou danificando a retina.
No segundo paciente, o vírus parecia estar encolhendo e destruindo fragmentos de tumor, que são perigosos por poder se instalar na retina, originando novos tumores. Apesar dos primeiros resultados serem promissores, vários outros testes ainda precisam ser realizados antes que a técnica origine um novo tipo de tratamento.
fonte:Science Translational Medicine