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Cientistas contestam lista de nomes contrários a pesquisas

Uma lista com os nomes de pesquisadores que seriam contra os estudos com células-tronco embrionárias vem causando estranheza dentro da comunidade científica. A relação circulou pelas mãos de vários parlamentares durante uma audiência pública na Câmara dos Deputados, no início do mês. Dentre os 37 pesquisadores listados, entretanto, pelo menos dois disseram ao Estado que não são contra a pesquisa nem sabem como seus nomes foram parar na lista. E há mais pessoas na mesma situação, afirmam seus colegas. "Não trabalho contra essa situação e não assinei lista nenhuma", disse o professor da Unifesp e diretor científico da Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica, Acary Souza Bulle Oliveira. Seu nome é o terceiro na relação. "É uma total surpresa para mim." Ele garante que é favorável à pesquisa com células-tronco embrionárias, desde que devidamente regulamentada. "Uma das bandeiras da associação é justamente trazer os benefícios da ciência para as pacientes." O ortopedista Tarcísio Barros Filho, professor da Faculdade de Medicina da USP, também negou ter assinado a lista e informou ser favorável às pesquisas. A lista é um símbolo da disputa que vem sendo travada entre cientistas, médicos, pacientes e autoridades políticas e religiosas e autoridade políticas e religiosas sobre o uso de embriões para obtenção de células-tronco. O tema está sendo debatido no Congresso dentro do Projeto de Lei de Biossegurança. A pesquisa, por enquanto, está proibida. O primeiro nome no documento é o da pesquisadora Alice Teixeira Ferreira, do Departamento de Biofísica da Unifesp, que disse ter organizado a lista com a ajuda do médico José Luis Alonso Nieto, também da Unifesp e diretor do departamento de Neurologia do Hospital do Servidor Público de São Paulo. Ela se disse "espantada" com as declarações conflitantes dos cientistas. "O Acary me disse pessoalmente que era contra. O Tarcísio eu não sei quem é." Alice disse que considera antiético e desnecessário fazer pesquisas com embriões, já que as células-tronco adultas têm mostrado os melhores resultados terapêuticos até agora. Ela teme que a manipulação de embriões leve a um processo de eugenia - busca pelo aprimoramento genético do homem. "A liberação de pesquisa também deve ter limites éticos. A bomba atômica é um exemplo disso", afirma. A pesquisadora Mayara Zatz, diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano da USP, contesta a validade da lista e defende a pesquisa com embriões. "Se há 37 contra, pode ter certeza que há 3.700 a favor", disse.

O Estado de São Paulo

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