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05/04/2012
Criança com diabetes precisa de cuidados especiais.

Saúde em Foco

Por Lorena Fagionatto Equipe BBel

O que é diabetes?

O diabetes é uma doença que não atinge apenas os adultos. Cada vez mais crianças são diagnosticadas como diabéticas e precisam de cuidados especiais. O diabetes é uma doença crônica, caracterizada pela elevação de glicose (açúcar) no sangue e existem diversos tipos, mas os de maior prevalência são o diabetes mellitus tipo 1 e diabetes mellitus tipo 2. 'É uma doença caracterizada pela produção e/ou ação inadequada da insulina. O diabetes tipo 1 é o mais comum em crianças e resulta de uma produção insuficiente de insulina causada pela destruição das células-beta do pâncreas. Com o aumento da frequência de obesidade infantil, têm sido relatados casos de diabetes tipo 2 em idades mais jovens, relacionados à resistência a ação da insulina', alerta a endocrinologista Luciana Naves, chefe do Serviço de Endocrinologia da UnB e gerente médica do Laboratório Sabin.

'O diabetes do tipo 1 é caracterizado quando o próprio sistema imunológico começa a atacar as células-beta que estão localizadas no pâncreas, como se fossem um vírus a ser combatido e expulso do corpo. Por isso é chamada de doença autoimune. As células-beta são responsáveis pela produção de insulina, que por sua vez é responsável pelo transporte da glicose para dentro das células. O tratamento é feito por meio de injeções diárias de insulina, já que ela não é mais produzida pelo corpo e precisa ser reposta', explica Camila Esteves, enfermeira educadora em diabetes e portadora da doença desde os sete anos de idade.

Os sintomas do diabetes, segundo a nutricionista Eliane Cristovão, são urinar frequentemente, sede excessiva, aumento do apetite e perda de peso. 'Caso os pais percebam alguns desses sintomas na criança devem levá-la ao médico para avaliação e exames', recomenda Eliane. 'Além disso, fraqueza, fadiga, nervosismo, mudanças de humor, náusea e vômito são sintomas do diabetes. A idade não difere nos sintomas, mas no caso de crianças é importante que os pais estejam atentos a qualquer sinal de irregularidade no comportamento dos filhos. A partir do momento que estes sintomas se tornam frequentes é importante consultar um médico o mais rápido possível', avisa Camila.

'O diabetes pode aparecer em qualquer fase da infância, porém para que a doença se desenvolva é necessário que exista predisposição genética e algum fator ambiental, geralmente uma infecção viral, que leva a inflamação e dano pancreático', afirma Luciana. 'O diabetes tipo 1, embora ocorra em qualquer idade, predomina na infância e adolescência. Não existe cura da doença, mas sim o controle', comenta Elaine. 'Há muitas pesquisas para que se encontre a cura para o diabetes, tais como o implante de células-tronco e até vacinas que possam prevenir o ataque autoimune do corpo às células-beta do pâncreas. Outros estudos se concentram no aprimoramento dos tratamentos hoje disponíveis, como o uso de insulinas de ação ultralonga e ultrarrápida, além de novas tecnologias que tornem a vida do diabético mais confortável, como o pâncreas artificial que deve ser a evolução das atuais bombas de insulina', conta Camila.

O dia a dia e a escola

Os pais e os especialistas precisam conversar com a criança para explicar a ela o que é o diabetes e como conviver com a doença. 'É preciso abordar o novo estilo de vida que ela terá e esclarecer que o diabetes é uma condição que deve durar por toda a vida. Por não ser uma doença contagiosa, a criança não deve ser afastada do convívio social. O diabetes também não a limita de exercer suas atividades diárias. Seu filho terá uma vida normal, porém com alguns cuidados que são essenciais para o sucesso do tratamento. Caso os pais tenham dificuldade ou não se sintam seguros para explicar as condições para a criança, é recomendado buscar ajuda de um profissional especializado ou grupos de apoio à criança com diabetes, como a Associação Diabetes Brasil (ADJ)', recomenda Camila.

'Diga sempre a verdade para seu filho, utilizando uma linguagem simples. Explique o que é o diabetes, incentive a criança a fazer perguntas, mantenha um diálogo aberto e use a linguagem que melhor se adapte à idade dela. Explique também que ela pode fazer as mesmas coisas que uma criança sem diabetes, que é possível manter a doença sob controle e ter uma vida normal e saudável como qualquer pessoa da sua idade', aconselha Elaine. 'O médico também deve ser claro e explicar à família sobre a necessidade de modificar os hábitos alimentares de todos, não apenas da criança. São necessárias várias reuniões, preferencialmente multidisciplinares, com médico, nutricionista e psicólogo', afirma Luciana.

'A criança com diabetes tem uma vida normal. No seu dia a dia devem ser incluídos os cuidados indispensáveis ao tratamento, como as injeções diárias de insulina nos horários definidos pelo médico, alimentação balanceada e de acordo com o tratamento sem pular refeições, monitorização de glicemia pelo menos antes e depois das refeições, a realização de exames de rotina e visitas regulares ao endocrinologista', comenta Camila. 'A diferença da rotina da criança diabética em relação às outras crianças de sua idade é que requer maior organização, necessidade de realizar controles da glicose diversas vezes ao dia e injeções de insulina de acordo com a glicemia', avisa Luciana.

Muitas vezes, as escolas não estão preparadas para receber uma criança diabética. 'Por isso, desde o primeiro contado com o colégio, a família deve avisar sobre o diabetes e se informar se ele está preparado para receber seu filho. A escola é um importante grupo social para a criança e, se bem estruturada e com profissionais informados em relação à doença, ela terá um ótimo rendimento escolar e social. Os pais devem levar os medicamentos da criança e outras precauções para eventual hipoglicemia, conforme orientação médica', orienta Elaine. 'A escola deve treinar seus profissionais para que estejam preparados para possíveis cuidados especiais e orientações. Deve-se tomar o cuidado de informar aos alunos que o coleguinha é diabético, pois normalmente ele irá precisar carregar insulina, monitor de glicemia e doces, para que a classe não se assuste ou faça com que a criança se sinta diferente perante as outras da sala', aconselha Camila.

Alimentação e atividade física

Para garantir a saúde da criança diabética é importante que ela tenha uma alimentação adequada e faça exercícios físicos. 'A alimentação deve ser balanceada e fracionada em seis refeições diárias. São essenciais os conhecimentos sobre a técnica de contagem de carboidratos, que permite que o paciente utilize insulina de acordo com o índice glicêmico (capacidade de um alimento em elevar a glicemia) de cada alimento', esclarece a endocrinologista Luciana.

'Faz parte da dieta a introdução de saladas e redução da ingestão de alimentos ricos em açúcares, carboidratos e gorduras, além de fazer um mínimo de seis refeições ao dia, sendo elas café da manhã, lanche, almoço, café da tarde, jantar e lanche ao deitar. O intervalo entre as refeições não deve ser muito longo, o ideal é comer de três em três horas', avisa a enfermeira Camila. 'A alimentação deve ser individualizada e orientada por um profissional, que vai explicar os alimentos permitidos e não permitidos. O açúcar deve ser excluído e substituído por edulcorantes como sucralose, acesulfame K, neotame, aspartame e sacarina', recomenda a nutricionista Eliane.

A criança precisará de supervisão até aprender a se alimentar enquanto está na escola ou fora de casa. 'Ela não deve deixar de comer o próprio lanche, pois a falta de alimento pode causar hipoglicemia. E também não é recomendado que ela divida o lanche dos amigos, já que eles podem ser fonte de mais açúcar e causar hiperglicemia.com o tempo, seu filho aprende a explicar para os colegas que tem diabetes quando lhe forem oferecidos doces ou guloseimas. É indispensável a consulta com um nutricionista, que vai adequar a alimentação de acordo com o hábito e rotina da criança para que ela não se sinta prejudicada e sofra com as mudanças da alimentação', afirma Camila.

Além disso, a prática de exercícios físicos é fundamental. 'Todas as atividades esportivas são bem-vindas no controle da glicose, especialmente os esportes aeróbicos, que melhoram a utilização muscular da glicose', explica Luciana. 'A criança com diabetes pode praticar atividade física sem restrições de modalidades, desde que com orientação profissional para que fique atenta aos sinais de hipo ou hiperglicemia', alerta Eliane. 'Os exercícios auxiliam no controle do diabetes e devem ser praticados frequentemente. As mais indicadas são aquelas que não desgastem ou forcem muito o organismo, e que ao mesmo tempo o estimule a gastar energia, tais como caminhada, alongamento, dança, natação, aeróbica e outros', orienta Camila.

Fonte: http://bbel.uol.com.br DO SITE: Centro de Diagnóstico INCOR


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