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Nutrição & Diabetes
22/10/2009 - Diabetes
Não existem alimentos milagrosos que uma vez consumidos, não importa em que quantidades, assegurem sozinhos o controle da glicemia. O alerta é da coordenadora do Departamento de Nutrição da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Josefina Bressan Monteiro, também professora de Patologia da Nutrição e Dietoterapia da Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais.
Um dos mitos bastante difundidos que envolvem o controle de diabetes a partir exclusivamente da alimentação tem sido o do consumo de produtos ricos em pectina, uma fibra encontrada em legumes ou frutas como o maracujá, a maçã e outros. As fibras, que se incluem no grupo dos carboidratos, podem ser solúveis ou insolúveis. As solúveis encontram-se na estrutura do vegetal, principalmente das frutas e atuam no metabolismo da glicose no organismo humano. É nesse grupo que está a pectina, uma fibra hidrofílica, ou seja, que absorve água.
As fibras insolúveis são hidrofóbicas, o que significa que não absorvem água. Essas fibras é que entram na formação do bolo fecal, sendo responsáveis pelo volume das fezes, uma vez que não são digeridas.
Quanto mais verde estiver a fruta, maior a quantidade de pectina que ela apresenta, explica Josefina. Por isso, quando se faz uma geléia com maçãs, por exemplo, o recomendável é que se utilize a maçã verde, em lugar do fruto maduro. Isto porque no fruto maduro a pectina já se transformou em carboidrato e sua ingestão torna, comparativamente, mais elevado o nivel de glicemia no organismo, seja ele diabético ou não. A pectina está presente também nos farelos, como a aveia, por exemplo. Segundo Josefina, o consumo de pectina, assim como o consumo de fibras insolúveis em geral, é recomendado por causa de seu efeito positivo sobre o controle da glicemia, porque retarda a liberação da glicose na corrente sanguinea, permitindo que o organismo a processe com menor risco de ocorrência de hiperglicemia.
"As fibras demoram mais tempo no estômago e, como o esvaziamento gástrico é mais lento, a absorção do carboidrato é mais lenta do que acontece com o açúcar, que cai mais rápido na corrente sanguínea", diz a professora.
Existem outros fatores, porém, que podem também interferir na velocidade de absorção dos carboidratos, como o consumo de fruta adoçado com açúcar ou o tipo de alimento ingerido antes da fruta. Mesmo com outros fatores interferindo na absorção dos carboidratos, Josefina lembra que o consumo de frutas é sempre benéfico. Além da pectina, o alimento também traz fibras na casca, vitaminas e minerais necessários ao organismo.
"O conjunto da fruta é que traz bons resultados, não só a pectina e, por isso, não é recomendável que a pessoa opte por consumir apenas compostos à base de pectina", explica a professora.
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