07/08/2009Diabetes, nova técnica cirúrgicaNoticias
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6/8/2009 - PB Agora
A técnica cirúrgica de redução do estômago a que o apresentador Fausto Silva se submeteu há cerca de duas semanas não está regulamentada nem é reconhecida pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) e pela SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica).
Faustão anunciou em seu programa do último domingo (2) o método, mas não tem dado entrevistas sobre o assunto sob o argumento de não querer fazer apologia de um procedimento que não sabe se funciona.
Desenvolvida pelo cirurgião goiano Áureo Ludovico de Paula, a gastrectomia vertical com interposição de íleo foi desenhada para curar o diabetes tipo 2 -e não para tratar apenas a obesidade. A técnica é usada no país há cerca de seis anos e pelo menos 450 pacientes já passaram pelo procedimento.
A diferença para a cirurgia convencional está na recolocação do íleo (fim do intestino delgado) entre o duodeno e o jejuno. Ao entrar em contato com o alimento, o íleo começa a produzir GLP1 (hormônio que estimula a produção de insulina). Nos diabéticos tipo 2, a insulina está reduzida no organismo e o íleo produz pouco GLP1 porque a maior parte do alimento já foi absorvida.
Com o reposicionamento de parte do intestino, o alimento entra em contato mais rápido com o íleo, o que pode aumentar a produção do GLP1.
Especialistas ouvidos pela Folha criticam a técnica e dizem que não há evidências científicas de sua eficácia.
"O que temos são resultados de um único médico, que está realizando essa cirurgia experimentalmente, sem que nenhum outro cirurgião do mundo a faça. Além disso, é uma técnica que não segue as normas do CFM", diz Thomaz Szegö, presidente da SBCBM.
Segundo o cirurgião Marcos Leão Vilas-Boas, essa técnica acrescenta etapas que, ao final, promovem o mesmo resultado da cirurgia convencional. "No bypass, conseguimos aumentar em 20% a produção do GLP1. O paciente perde peso e melhora o diabetes. Não vale a pena se submeter a uma técnica que não é completamente aceita."
A nova cirurgia não consta da lista de procedimentos aceitos pelo CFM. Segundo o corregedor Pedro Pablo Magalhães Chacel, toda técnica precisa ser autorizada. "Se ela está sendo realizada de maneira experimental, precisa de autorização da Conep [Comissão Nacional de Ética em Pesquisa]. Caso contrário, não pode ser feita."
Gyselle Saddi Tannaus, coordenadora da Conep, diz que até ontem não havia nenhum registro de protocolo de pesquisa envolvendo essa cirurgia no órgão. Por isso, expediu ofícios para os comitês de ética de Goiânia e para o próprio cirurgião pedindo esclarecimentos. O prazo de resposta é de sete dias a partir do recebimento.
"Todo novo procedimento na área de saúde precisa passar pelo crivo do comitê de ética local e pela comissão nacional, em Brasília. Se o procedimento não é experimental, ele [Áureo de Paula] terá que comprovar que é um método consagrado.
Se for experimental, ele terá que apresentar todo o protocolo da pesquisa", afirma.
Achados da medicina
Desde terça-feira a Folha tenta ouvir o cirurgião Áureo de Paula, mas ele preferiu não dar entrevista e pediu que o endocrinologista Alfredo Halpern, que acompanha pacientes dele, comentasse o caso.
Halpern, que é responsável pelo Departamento de Síndrome Metabólica da Sociedade Brasileira de Diabetes, diz que a cirurgia não é experimental, pois é feita há seis anos e com bons resultados. "Áureo de Paula conseguiu resolver o diabetes em não obesos."
Para Halpern, a cirurgia não é regulamentada e não está dentro dos procedimentos recomendados pelo CFM porque se trata de uma técnica complicada, que exige habilidade cirúrgica (todo o procedimento é feito por videolaparoscopia).
"Boa parte das cirurgias no mundo não é feita com protocolo experimental. Elas são "achados" da medicina e depois são consagradas pelo uso. Com essa técnica é assim. Ela está consagrada, mas não é qualquer cirurgião que tem habilidade para fazê-la", afirma. Halpern, que também chefia o Departamento de Obesidade do Hospital das Clínicas de São Paulo, diz que o HC deve iniciar em breve um protocolo de pesquisa sobre a técnica.
Fausto Silva, 59, já perdeu 10 kg desde que fez a cirurgia (antes dela, pesava 130 kg). Seu objetivo é emagrecer mais 20 kg. Ele sofre de diabetes tipo 2 e de hipertensão e, desde a operação, não toma mais remédios para controlar as doenças.
Em nota, o hospital Albert Einstein, onde o apresentador foi operado, diz que procedimento cirúrgico de Áureo de Paula é reconhecido como experimental e é realizado dentro de critérios de segurança e qualidade da instituiç
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