29/04/2009Feridas em diabéticos, nova técnicaA colocação de stents, similares aos usados em cirurgias cardíacas, pode curar úlceras e feridas de difícil cicatrização, comuns nos pés dos diabéticos. O stent é uma pequena "rede" que serve para filtrar placas de gordura e desbloquear artérias.
O pé diabético é a principal causa de amputação no mundo. Com o procedimento, o objetivo é garantir a abertura dos vasos entupidos quando a angioplastia --técnica que também desobstrui o vaso por meio de balão-- não foi suficiente para garantir o fluxo de sangue.
"Com a colocação de stents próprios para esses casos estamos salvando os pés desses pacientes", conta o cirurgião endovascular Armando Lobato, presidente de um congresso internacional que acontece em São Paulo e que discute o tema.
A colocação de stents em casos de pés diabéticos já começou a ser feita no Brasil, embora a técnica ainda não seja difundida entre os cirurgiões.
"Outra novidade apresentada [no congresso] é a introdução do cateter pelo pé em vez da virilha", conta o cirurgião endovascular Dino Fecci Colli, da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e do Hospital Santa Catarina, também na capital paulista. "Trata-se de uma tecnologia endovascular para o pé diabético, que inclui novos materiais específicos para esses casos e que está trazendo ótimos resultados", conta Colli. "Podemos curar a ferida, mas a pessoa precisa manter a doença sob controle a vida inteira", frisa o médico.
O pé diabético é uma das complicações mais temidas nesses pacientes porque provoca feridas e úlceras que podem demorar meses para cicatrizar e, em casos mais avançados, levam à amputação de dedos ou do pé inteiro. Estima-se que 18% dos diabéticos tenham alguma complicação nas pernas.
Esses pacientes são especialmente suscetíveis a úlceras e feridas quando não controlam a doença em razão de dois problemas comuns do diabetes: o alto nível de colesterol no sangue, que leva ao depósito de gordura nas artérias, aliado à neuropatia diabética, que é a modificação das terminações nervosas causada pela taxa elevada de glicose em circulação.
"É comum que a pessoa se machuque sem notar", diz Fadlo Fraige Filho, presidente da Anad (Associação Nacional de Assistência ao Diabético) e chefe do serviço de endocrinologia da Beneficência Portuguesa, em São Paulo.
Com a irrigação prejudicada pelo entupimento dos vasos, a ferida custa a cicatrizar. Estimativas da Anad apontam que 30% dos pacientes têm doença vascular periférica, 70% sofrem de neuropatia, e 40%, de doenças coronarianas.
O problema é que pouquíssimos pacientes são orientados corretamente sobre como examinar os pés. "Estimo que 90% deles nem sejam examinados pelo médico", diz Fadlo Fraige. "E a principal causa da amputação é o uso de sapato inadequado", lamenta o médico.
"Por isso digo que os diabéticos devem cuidar dos pés como cuidam do rosto." E isso inclui observar cuidadosamente qualquer sinal de agressão, evitar andar descalço e comprar sapatos adequados.
Sapatos
Pacientes com a doença sob controle podem comprar sapatos comuns, apenas selecionando os mais confortáveis. Quem já tem alguma complicação deve escolher calçados especialmente feitos para diabéticos.
Há marcas vendidas em shoppings para esses casos. Eles são feitos de materiais mais adequados, como couro de ovelha, não contêm costuras e possuem palmilhas anatômicas. Em casos extremos, o paciente pode precisar de sapatos feitos sob medida.
"Essa complicação [do pé diabético] é de fácil prevenção. Basta manter a doença sob controle", diz Fadlo Fraige
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