Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos indica que apenas uma célula de câncer de pele pode ser o bastante para causar um novo tumor.
"Até onde sabemos, esta é a primeira vez que foi possível mostrar que células individuais de câncer humano podem formar tumores de maneira eficiente", afirmou Sean Morrison, pesquisador que liderou o estudo, divulgado na revista Nature.
A equipe do Instituto Médico Howard Hughes e da Universidade do Michigan estudou o melanoma, um câncer de pele conhecido pela sua capacidade de se espalhar.
Normalmente, a habilidade de uma única célula de "semear" um novo tumor é testada quando os cientistas injetam em camundongos com sistemas imunológicos enfraquecidos grandes quantidades destas células e então são contados quantos novos tumores surgem.
A proporção relativamente pequena de tumores levou à concepção em muitos cientistas de que nem todas as células de câncer podem desencadear um novo tumor e que esta habilidade estava restrita a um número pequeno de células cancerosas especializadas, ou "células-tronco cancerosas".
Mas, para Morrison, esta forma de pesquisa não é ideal, pois os camundongos ainda apresentam alguma imunidade a estas células cancerosas humanas, o que leva os cientistas a subestimar de forma significativa o potencial destas células.
Células de melanoma
No estudo, a equipe de pesquisadores injetou grupos de células de melanoma em camundongos com sistemas imunológicos ainda mais enfraquecidos do que na forma de pesquisa tradicional e descobriu que cerca de 25% das células formaram tumores.
Os cientistas também injetaram células individuais de melanoma e observaram que 27% destas células formaram tumores nos ratos.
Morrison admite que é possível que as chamadas "células-tronco cancerosas" possam ser mais comuns em certos tipos de câncer, mas "a verdade provavelmente está em algum lugar entre as duas teorias preponderantes".
"Esperamos que alguns tipos de câncer sigam o modelo da célula-tronco cancerosa, enquanto outros tipos não sigam", disse.
"Muitos tipos de câncer serão como o melanoma, um tipo tradicional no qual cada célula é ruim."
Ed Yong, porta-voz da entidade britânica de fomento à pesquisa sobre o câncer Cancer Research UK, afirmou que a idéia de que tumores crescem a partir de um pequeno número de "células-tronco cancerosas" é uma das mais interessantes na pesquisa.
"Mas este estudo sugere que pode não ser o mesmo para cada tipo de câncer, no melanoma uma proporção muito maior de células cancerosas são capazes de iniciar um novo tumor", afirmou.