Você não agüenta mais o volume exagerado com que seu filho ouve música ou assiste à TV? Ele passou a ir mal na escola? E, pior, quando você grita o nome dele, muitas vezes seu filho nem dá bola? Pois saiba que pode não ser sinal de malcriação ou de falta de estudo, mas sim de surdez.
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Enquanto os idosos quase sempre percebem sozinhos que estão ficando surdos, para crianças e jovens a deficiência auditiva costuma passar despercebida. Por isso, pais e professores devem ficar atentos aos indícios do problema.
"Logo ao nascer, o bebê é submetido a um teste de audição, hoje obrigatório por lei, para conferir se está ouvindo bem", conta o pediatra Fernando Dominguez Gonzalez, diretor clínico do Hospital Estadual Infantil Cândido Fontoura, na capital.
Esse teste detecta surdez congênita (surgida desde o nascimento), que pode ser causada por problemas enfrentados durante a gravidez. Se a mulher grávida desenvolve rubéola, por exemplo, é comum o bebê nascer surdo.
A surdez também pode ser causada por problemas ocorridos durante o parto, como prematuridade, ou por fatores surgidos depois dele.
Uma das causas mais comuns de surdez reversível em crianças é a otite serosa. Ela ocorre quando a vítima tem problemas respiratórios freqüentes. A secreção que se acumula entre o nariz e a garganta devido ao problema respiratório entope canais do ouvido e prejudica a audição.
O tratamento geralmente é simples, bastando uma limpeza feita pelo médico. Eventualmente, porém, é necessária intervenção cirúrgica, ressalta o médico Marcelo Alfredo, otorrinolaringologista do Hospital Beneficência Portuguesa de Santo André (ABC).
Para evitar infecções no ouvido, o otorrinolaringologista Perboyre Lacerda Sampaio, chefe do grupo de cirurgia plástica facial da Faculdade de Medicina da USP, dá uma dica: "Ao amamentar o bebê, é importante que as mães não o coloquem totalmente deitado. O líquido pode entrar no ouvido e causar infecções."
Érica Fernandes, 28 anos, só corrigiu a surdez há dois anos, após um implante coclear --equipamento eletrônico recomendado para vítimas de surdez total ou severa. "Aos seis meses, ela não ouvia batida de porta nem telefone tocando nem batida de palmas, nada, muito diferente do irmão, que ouvia tudo", diz a mãe de Érica, Vilma Sinionato.